02/07/2025
*"Quando o Céu F**a Cinza"*
👉🏾Carolina sempre foi apaixonada por dias de sol. Era como se o calor acariciasse não apenas sua pele, mas sua alma. Ela sentia leveza, disposição, alegria. Nos dias ensolarados, seu sorriso surgia fácil, e sua coluna parecia suportar o peso da vida com mais firmeza.
Mas bastava o céu nublar ou o vento esfriar, e tudo mudava.
A tristeza chegava sem pedir licença. E com ela, uma dor estranha — que se alojava entre o pescoço e os ombros, exatamente no trapézio, como se ela carregasse cabides de memórias mal penduradas. Carolina chamava de "a dor invisível", porque os exames nada mostravam. Mas ela sabia que doía. E muito.
Nos dias cinzas, além da dor física, vinham também os pensamentos pesados: lembranças que preferia esquecer, lágrimas que nunca chorou por completo, mágoas que foram empurradas para o fundo do peito, onde o frio parece alcançar com mais facilidade.
Carolina não sabia, mas sua dor tinha nome. Era a linguagem do corpo tentando falar o que o coração silenciava há anos.
Seu diagnóstico veio como um sussurro do universo: uma doença somatoemocional, alimentada por emoções reprimidas, como tristeza crônica, sensação de abandono e fuga de si mesma.
Foi num desses dias de frio e silêncio, em que a dor parecia gritar pelos ossos, que ela decidiu parar de fugir. Pela primeira vez, Carolina escolheu parar de ser vítima da própria história.
Ela respirou fundo e buscou ajuda.
Não queria mais esperar o sol para sorrir.
Queria ser sol.
Através do autoconhecimento, ela começou a entender o porquê das dores que pareciam surgir com o clima. Aprendeu que o frio apenas revelava o que estava congelado dentro dela: emoções paradas, histórias não contadas, traumas guardados.
Carolina chorou. E foi nesse choro, antes tão evitado, que ela se libertou um pouco mais.
As dores no trapézio diminuíram, porque agora ela não carregava mais sozinha o cabide das emoções penduradas.
E mesmo que os dias frios ainda existam, hoje Carolina caminha com coragem — porque entendeu que o clima lá fora não define a estação da alma.
Precisando, Dra Lídiane Sena