21/01/2022
Um dos princípios básicos da farmacologia afirma que as moléculas dos fármacos
precisam exercer alguma influência química sobre um ou mais constituintes das células
para produzir uma resposta farmacológica. Em outras palavras, as moléculas de um
fármaco precisam ficar tão próximas das moléculas dos constituintes celulares que
interajam quimicamente de tal modo que a função desses últimos seja alterada. Como
seria de se esperar, o número de moléculas próprias do organismo excede em muito o
número de moléculas do fármaco e, se estas fossem simplesmente distribuídas ao acaso, a probabilidade de ocorrer interação entre o fármaco e uma classe específica de
moléculas celulares seria desprezível. Por essa razão, para que os efeitos farmacológicos
ocorram, é preciso haver uma distribuição não uniforme das moléculas do fármaco
dentro do organismo ou do tecido, ou seja, as moléculas de um fármaco precisam “ligar-
se” a constituintes específicos de células ou tecidos para produzir um efeito. Ehrlich
resumiu esse pensamento assim: “Corpora non agunt nisi fixata” (no contexto, “Um
fármaco não agirá, a menos que esteja ligado”).