31/07/2025
Ontem à noite o campo se encheu de silêncio e dor.
Uma das nossas ovelhas entrou em trabalho de parto, mas o que deveria ser um momento de vida tornou-se tragédia: o cordeirinho nasceu morto. Fizemos tudo que podíamos, lutamos com ela — mas perdemos.
Quando tiramos o corpo sem vida, a mãe permaneceu. Chorando. Caminhando de um lado para o outro, chamando por um filho que nunca responderia.
A noite inteira ela buscou o que o destino lhe negou.
Mas hoje, ao nascer do sol, algo quase impossível aconteceu.
Outra ovelha — que havia dado à luz gêmeos na semana passada — aproximou-se.
Sem barulho. Sem disputa. Sem explicações.
Apenas caminhou até a mãe enlutada…
…e lhe ofereceu um dos seus filhotes.
Simples assim.
Como se dissesse: “Você perdeu, mas não precisa ficar sozinha. Aqui está um pedaço do meu amor.”
Agora, lá no campo, ambas estão com um cordeiro ao lado.
Duas mães. Dois bebés.
Um delicado reequilíbrio no caos do mundo.
Uma resposta silenciosa da natureza à dor.
Dizem que os animais não sentem o que nós sentimos.
Mas nós vimos.
Eles choram. Eles entendem. Eles partilham.
Eles cuidam.
E talvez, só talvez, saibam amar melhor que muitos humanos.
Afinal… não somos assim tão diferentes.
Para os amantes de literatura, já podem acessar ao nosso grupo de literatura no telegram: https://t.me/sobreliteraturaa