13/04/2020
Por Marlene das Graças Martins, enfermeira, mestre em Saúde Coletiva pela UNIFAL.
FALANDO SOBRE TABAGISMO
O cigarro, pela extensão de seu uso, é a forma mais importante de utilização do tabaco, tornando-se um sério problema de saúde pública.
Além de ser fator de risco para o câncer, diabetes e outras doenças cardiovasculares, o tabagismo é considerado contagioso, pois contamina quem o cerca. Todas as formas de uso do tabaco, inclusive os ci****os com mentol, filtros especiais (light) têm composições semelhantes, não havendo, portanto, ci****os mais saudáveis ou que façam menos mal. Isso ocorre porque quando se escolhe produtos com menos alcatrão e nicotina, os fumantes acabam compensando essa redução fumando mais frequente e profundamente, em consequência da dependência fisiológica da nicotina.
A Organização Mundial de Saúde considera o tabagismo como uma pandemia, pois mata mais de 3 milhões de pessoas no mundo, o que dizer que no Brasil representa 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana (infartos e anginas), 85% das mortes por DPOC (bronquites e enfisemas), 25% das mortes por doenças vasculares (derrames). Em suma, no brasil o tabagismo mata mais que a soma de mortes por AIDS, co***na, he***na, álcool, suicídios e acidentes de trânsitos.
A OMS estima ainda que até o ano de 2025, o tabagismo matará mais de 500 milhões de pessoas, sendo que desse montante 200 milhões corresponderão às crianças e adolescentes de hoje. Estima-se que hoje o cigarro mata 8 brasileiros por hora.
As pessoas começam a fumar muito cedo, estimuladas por familiares, amigos, professores, etc. Antes eram aquelas propagandas lindíssimas de acordo com as demandas sociais e fantasias das pessoas, principalmente dos jovens. Hoje, existem as leis que proibiram esse estímulo, mas as consequências permanecem. Os jovens ainda iniciam o uso precocemente e com menos de 18 anos em 90% dos casos. Com esse número crescente, a indústria do cigarro torna-se ainda mais lucrativa. A maioria da produção dos ci****os ocorre no sul do país. As indústrias tabageiras exploram seus funcionários que ganham uma miséria por mês e morrem com menos de 40 anos, isso quando não têm aposentadorias precoces com perda da qualidade de vida. Esse fato deve-se à grande quantidade de agrotóxicos que o tabaco demanda. A terra onde é plantado o tabaco também f**a inutilizada para futuras plantações... Haja meio ambiente!
Nesse sentido é desconcertante constatar que o tabagismo não afeta apenas o indivíduo, mas também a sociedade, através da redução do potencial do trabalho humano e do impacto econômico resultante dos vícios, das mortes precoces, das aposentadorias, diagnósticos, tratamentos, meio ambiente e tantos outros.
Diante do exposto, faz-se necessário a união de diversos segmentos sociais para reduzir a prevalência de fumantes, o ingresso ao vício e, por conseguinte, as doenças e as mortes relacionadas ao uso do fumo.
O controle do tabagismo deve estar principalmente na programação das escolas, nos programas de saúde pública, com equipes multiprofissionais, pois trata-se de um problema multifacetado em diversos níveis. A prevenção envolve programas educacionais direta ou indiretamente e o tratamento curativo envolve ajuda a quem deseja parar de fumar com profissionais especif**amente capacitados.
De uma forma geral, essas formas também permeiam o exercício do respeito à cidadania, através do estímulo ao fumante em reconhecer o direito do não fumante de respirar ar puro e do não fumante em reconhecer e fazer valer esse direito. Vale lembrar que o controle do tabagismo deve se dirigido sempre contra o fumo e nunca contra o fumante.
Contudo, mudança de comportamento não é tarefa fácil. É imprescindível ações a médio e longo prazos para que as pessoas possam substituir os comportamentos prejudiciais à saúde, sedimentados ao longo da vida e estimulados por interesses econômicos por outros cuidados consigo mesmas. Êta tarefa difícil! Reconheçamos. Mas totalmente possível. Afinal, quem não deseja ser saudável, menos manipulado e mais feliz?