15/06/2025
Essa frase foi dita por Alberto Pereira Filho em uma palestra sensível e profundamente impactante. Desde então, ela tem me levado a profundas reflexões.
Gosto de pensar como algumas falas, alguns encontros e experiências têm esse poder: de nos atravessar, laçar, desorganizar e colocar do avesso.
Pensar nos nossos avessos, por vezes, é desconfortável e até angustiante. Afinal, grande parte da nossa vida consiste em tentar evitá-los. Fomos ensinados a valorizar apenas as partes que julgamos bonitas, fortes e aceitáveis. A esconder tudo aquilo que parece inadequado, frágil ou contraditório.
Mas o fato é que o avesso não desaparece só porque é ignorado. Pelo contrário, ele se manifesta, muitas vezes, de forma inconsciente: nas nossas reações, nos incômodos que não sabemos explicar, nos padrões que se repetem sem que a gente entenda muito bem o porquê.
Negar o próprio avesso é, na verdade, se afastar de si.
O processo de (tentar) se tornar inteiro passa, inevitavelmente, por reconhecer que somos feitos de opostos. Que não existe caminho de verdade sem incluir também aquilo que tentamos evitar em nós.
Talvez, seja justamente nos avessos que estejam chaves importantes para quem estamos nos tornando.