02/12/2015
A loucura trava uma guerra que visa trazer a subjetividade ao espaço da cultura, fazendo do delírio uma possibilidade de linguagem....
O homem da razão adquire o poder de julgar o outro como indesejável. São determinadas as normas e, portanto, a loucura está fora dela pois é um desarranjo do homem.
O discurso do saudável torna-se a meta que a sociedade impõe aos loucos, inclusive através da medicalização, onde a loucura é definida pela falta de racionalidade e de porquê. Hoje, as correntes de ferro continuam por aprisionar os seres de não-razão, simbolizadas pela palavra.
A loucura coloca o homem numa posição de objeto em busca do conhecimento, onde o não-louco quer saber sobre o louco. São divididos entre os autorizados a saber (razão) e os demais.
E a Psicanálise, que é um saber do não-saber, se faz prática por um processo onde um escuta o que o outro fala. Mas a consciência crítica, transpassada pela sociedade moral, continua a permear a loucura como coisa médica, com insígnias da falta - a não-razão, não-harmonia - que numa tentativa de, pelo conhecimento científico, dizer o que é a loucura.
Texto elaborado a partir da leitura do livro - "O que é a Loucura", Pereira, JF, de 1984.