Psicóloga Laís Garcia

Psicóloga Laís Garcia Psicóloga Laís C. Garcia - Araçatuba/ SP

02/06/2023
20/07/2021

Damon e Pítias eram grandes amigos desde a infância. Confiavam um no outro como se fossem irmãos e ambos sabiam no fundo do coração, que nada havia que não fizessem um pelo outro. Chegou o dia em que precisaram demonstrar a profundidade dessa devoção. Aconteceu assim:

Dionísio, rei de Siracusa, aborreceu-se ao tomar conhecimento dos discursos que Pítias vinha fazendo. O jovem pensador andava dizendo ao público que nenhum homem deveria ter poder ilimitado sobre outro e que os tiranos absolutos eram reis injustos.

Num assomo de cólera, Dionísio mandou chamar Pítias e seu amigo.

- Quem você pensa que é, espalhando a inquietação entre as pessoas? - exortou.

- Divulgo apenas a verdade - respondeu Pítias - Não pode haver nada errado nisso.

- E sua verdade sustenta que os reis têm poder demais e que suas leis não são boas para os súditos?

- Se um rei apossou-se do poder sem a permissão do povo, sim, é o que falo.

- Isso é traição! - gritou Dionísio - Você está conspirando para me depor. Retire o que disse ou arque com as consequências.

- Não retiro nada - respondeu Pítias.

- Então você morrerá. Tem algum último desejo?

- Sim. Permita-me ir em casa apenas para dizer adeus à minha mulher e meus filhos e deixar em ordem os assuntos domésticos.

- Vejo que não somente me considera injusto, mas também estúpido - Dionísio riu, sarcástico. - Se sair de Siracusa, tenho certeza de que nunca mais o verei.

- Dou-lhe uma garantia - disse Pítias.

- Que garantia nesse mundo você me poderia dar para fazer-me crer que algum dia voltará? - exclamou Dionísio.

Nesse momento Damon, que permanecia calado ao lado do amigo, deu um passo à frente.

- Eu serei a garantia - disse. - Mantenha-me em Siracusa como seu prisioneiro até o retorno de Pítias. Nossa amizade é bem conhecida. Pode ter certeza de que Pítias voltará se eu ficar retido aqui.

Dionísio examinou em silêncio os dois amigos. - Muito bem - disse por fim.

- Mas se está disposto a tomar o lugar de seu amigo, deve se dispor a aceitar a mesma sentença, se ele quebrar a promessa. Se Pítias não voltar a Siracusa, você morrerá em lugar dele.

- Ele cumprirá a palavra - respondeu Damon. - Não tenho a menor dúvida.

Pítias recebeu permissão para partir e Damon foi atirado na prisão. Muitos dias se passaram e, como Pítias não voltava, Dionísio se deixou vencer pela curiosidade e foi à prisão ver se Damon já estava arrependido de ter feito o acordo.

- Seu tempo está chegando ao fim - o rei de Siracusa escarneceu. - Será inútil implorar misericórdia. Você foi um tolo ao confiar na promessa do seu amigo. Pensou realmente que ele iria sacrificar a vida por você, ou por qualquer outra pessoa?

- É um mero atraso - Damon rebateu com firmeza. - Os ventos não permitiram que navegasse, ou talvez tenha encontrado um imprevisto na estrada. Mas se for humanamente possível chegará a tempo. Tenho tanta certeza da sua virtude como da minha própria existência.

Dionísio admirou-se da confiança do prisioneiro. - Logo veremos - disse ele, deixando Damon sozinho na cela.

Chegou o dia fatal. Damon foi retirado da prisão e levado à presença do algoz. Dionísio saudou-o com um sorriso presunçoso. - Parece que seu amigo não apareceu - ele riu. - Que acha dele agora?

- É meu amigo - Damon respondeu. - Confio nele.

Nem terminara de falar e as portas se abriram, deixando entrar Pítias cambaleante. Estava pálido, ferido, e a exaustão tirava-lhe o fôlego. Atirou-se aos braços do amigo.

- Você está vivo, graças aos deuses - soluçou. - Os fatos pareciam conspirar contra nós. Meu navio naufragou numa tempestade, bandidos me atacaram na estrada. Mas recusei-me a perder a esperança e finalmente consegui chegar a tempo. Estou pronto para cumprir minha sentença de morte.

Dionísio ouviu com espanto estas palavras. Abriam-se seus olhos e seu coração. Era-lhe impossível resistir ao poder de tal lealdade.

- A sentença está revogada - declarou ele. - Jamais acreditei que pudessem existir tamanha fé e lealdade na amizade. Vocês mostraram como eu estava errado e é justo que os recompense com a liberdade. Em troca, porém, peço um grande auxílio.

- Que auxílio? - perguntaram os amigos.

- Ensinem-me a ter parte em tão sólida amizade.

(O Livro das Virtudes, de Willian J. Bennett)

Feliz dia do Amigo!

02/02/2021
27/01/2021
Estamos presos ao paradigma da ciência e seus métodos baseados na  norma e ir além desses aspectos nos assombra o temor ...
27/01/2021

Estamos presos ao paradigma da ciência e seus métodos baseados na norma e ir além desses aspectos nos assombra o temor de sermos considerados místicos. O mesmo “lodo negro do misticismo” que assombrou Freud e Jung, e até hoje nos assombra. Mas faz necessário sempre irmos além, e basear nosso olhar ao indivíduo e ao processo de individuação como um todo e não em aspectos e métodos parciais.
Fomos treinados a identificar a patologia, e esse engessamento do olhar nos desconecta com a totalidade. Nossa herança da medicina é focada na patogênese e não na salutogênese, exercendo sempre um olhar parcial sobre o indivíduo.
Como disse Fernando Pessoa:
“O ato ver não é natural, precisa ser aprendido”.

30/12/2020

O inconsciente é considerado geralmente uma espécie de intimidade pessoal encapsulada, mais ou menos o que a Bíblia chama de “coração”, considerando-o como a fonte de todos os maus pensamentos. Nas câmaras do coração moram os terríveis espíritos, a ira súbita e a fraqueza dos sentidos. Este é o modo como o inconsciente é visto pelo lado consciente. A consciência, porém, parece ser essencialmente uma questão de cérebro, o qual vê tudo, separa e vê isoladamente, inclusive o inconsciente, encarado sempre como meu inconsciente. Por isso, pensa-se que quem desce ao inconsciente chega a uma atmosfera sufocante de subjetividade egocêntrica, ficando neste beco sem saída à mercê do ataque de todos os animais ferozes abrigados na caverna do submundo anímico.
Verdadeiramente, aquele que olha o espelho da água vê em primeiro lugar sua própria imagem. Quem caminha em direção a si mesmo corre o risco do encontro consigo mesmo. O espelho não lisonjeia, mostrando fielmente o que quer que nele se olhe; ou seja, aquela face que nunca mostramos ao mundo, porque a encobrimos com a persona, a máscara do ator. Mas o espelho está por detrás da máscara e mostra a face verdadeira.
Esta é a primeira prova de coragem no caminho interior, uma prova que basta para afugentar a maioria, pois o encontro consigo mesmo pertence as coisas desagradáveis que evitamos. Se formos capazes de ver nossa própria sombra e suportá-la, teríamos resolvido parte do problema. Não é possível anulá-la argumentando, ou torná-la inofensiva através da racionalização. Mas preferem inventar um mundo heroico, além do bem e do mal, e cortam o nó górdio em vez de desatá-lo. Cedo ou tarde as contas terão que ser acertadas. Admiti-lo tem a vantagem de tornar-nos verdadeiramente honestos e autênticos.


Carl Gustav Jung, CW 9/1, p. 28

Endereço

Araçatuba, SP
16010370

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Psicóloga Laís Garcia posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Entre Em Contato Com A Prática

Envie uma mensagem para Psicóloga Laís Garcia:

Compartilhar

Categoria