FAMÍLIA HORVATICH DO BRASIL - OFICIAL
HORVATICH OBITELJ IZ BRASILA
Em 23 de dezembro de 1912 desembarcava em solo brasileiro, JORGE (Gjuro Horvatić) e KATARINA (Katarina Domović), patriarca e matriarca da família Horvatich do Brasil. Vindos do vilarejo de Stankovo, cidade de Jastrebarsko, na Croácia, até então pertencente ao Império Austro-Húngaro, traziam junto os quatro filhos: ESTEVAN (Stjepan
), ÁGUIDA (Ágata), MIGUEL (Mihael) e JOÃO (Ivan), com 13 anos, 9 anos, 6 anos e 1 ano e meio respectivamente. Estevan era filho somente de Jorge, fruto de seu primeiro casamento com Barbara Koluder, outra croata. Por curiosidade, Katarina também era viúva quando se casou com Jorge Horvatich. O destino inicial do casal era a Argentina, mas a proposta de melhores condições de trabalho e vida, em terras brasileiras, fez com que desembarcassem no Porto de Santos, estado de São Paulo. As malas seguiram viagem rumo à capital portenha, mas o sonho de construir seu destino e criar sua prole germinou em solo brasileiro. Após o desembarque, a família foi encaminhada para a Hospedaria dos Imigrantes e posteriormente para a cidade de Jaboticabal, estado de São Paulo, onde viviam outros compatriotas e onde conseguiram trabalho e casa para morar. Foi na fazenda São José, município de Jaboticabal, o início de toda a história que foi sendo delineada pelos nossos ancestrais. Com “aproximadamente” 62 anos, o patriarca foi acometido pelo tracoma, uma doença que atinge a visão e se não tratada de forma eficaz, causa a cegueira. E foi o que ocorreu, pois na época, havia uma epidemia da doença que foi trazida pelos imigrantes europeus e se alastrou pelo continente americano. Miguel, com 19 anos tornou-se arrimo da família, porque tratava-se do filho mais velho na ordem de sucessão, pois Estevan ficava distante por longos períodos e João tinha somente 13 anos. Estevan, conforme relatam os mais velhos, possuía ‘algum atraso’ (desconhecido) entre a idade mental e a idade cronológica, mas isso não o impedia de conviver em sociedade. Trabalhava como 'foguista' para a Estação de Trem da região e de tempos em tempos ‘desaparecia’, mas sempre retornava a casa paterna. Porém, a família não podia contar com sua presença de forma constante. Conta-se que viajava com os comboios e trabalhava esporadicamente em casas de famílias, cortando madeira e auxiliando em pequenos serviços manuais. Com isso conseguia locomover-se de um lado para o outro, sem depender totalmente do auxílio familiar.
ÁGUIDA foi a primeira dos irmãos a se casar, no ano de 1922, na cidade de Jaboticabal, com o então patrício Mathias Matoceć. MIGUEL se casou em 1930, na cidade vizinha de Monte Alto, onde vivia a família de sua futura esposa Maria Milani. E por fim, JOAO casou-se em Jaboticabal no ano de 1936 com Domingas Milani. Com trabalho árduo conseguiram adquirir um pedaço de terra em Jaboticabal e na sequência outro circunvizinho onde foi construída uma residência para Ângelo Milani e Domenica Tosato, pais de Maria e Domingas, morar. A intenção era trazer a família dos sogros para junto das filhas. No final da década de 30, as terras de Jaboticabal foram vendidas e o dinheiro dividido entre os irmãos.
ÁGUIDA e o esposo Mathias foram os primeiros a adquirir um pedaço de terras em Arapongas – PR, pela Companhia de Terras Norte do Paraná, mudando-se em 1935 com os seis filhos: Rosária, Helena, Margarida, João, Maria Madalena e José. Conforme relatos de MIGUEL HORVATICH, no livro “Pioneiros de Arapongas – Semeadores do Progresso”, para ficar próximo da irmã ÁGUIDA e por haver terras a preços mais acessíveis, mudaram-se todos, em 1939, para Arapongas: Miguel e Maria com os filhos Catharina, Magdalena, Maria e Margarida... João e Domingas com o filho José... e os pais Jorge e Katarina. ESTEVAN, o primogênito, não aceitou mudar com a família para a nova cidade. Nessa época ele contava com 40 anos. MIGUEL, seu irmão, antes de mudar-se para o então distrito de Arapongas, buscou informações na cidade de Bebedouro, vizinha de Jaboticabal, onde ESTEVAN costumava ficar por longos períodos. Soube-se apenas que era um homem bom e trabalhador, nada mais. Com o passar dos anos as chances de reencontrá-lo tornavam-se cada vez mais remotas e distantes. Infelizmente a família nunca mais soube de seu paradeiro. Os irmãos MIGUEL e JOÃO adquiriram a primeira propriedade em Arapongas, através da Companhia de Terras Norte do Paraná. Um sítio de aproximadamente 32 alqueires, onde hoje está localizado o loteamento Vale das Perobas. Adquiriram também um terreno na área central, construindo ali a primeira casa, onde as duas famílias viveram juntas durante doze anos. Nesse local nasceram: Antonio, Júlia, Rosa, Geraldo, Waldemar e Alzira, filhos de Miguel e também Antonia, Thereza, Iolanda, Isaura e Laura, filhos de João. Era um total de 21 pessoas, incluindo o Patriarca e a Matriarca da Família. MIGUEL HORVATICH passou a trabalhar paralelamente para um alemão da cidade de Rolândia, comprando e despachando cereais por trem, para fora da cidade. Foi nessa época que construíram um armazém ao lado da casa da família, onde os dois irmãos passaram a trabalhar com a distribuição de cereais aos comerciantes da cidade. Mais tarde permutaram a casa e o armazém, por uma máquina de beneficiamento de café e arroz, de propriedade do Sr. César Soni, local onde atualmente se encontra a Todimo. A máquina de beneficiamento era uma sociedade dos irmãos Horvatich juntamente com outro pioneiro. Outras propriedades foram adquiridas pelos irmãos, dentre elas um sítio na estrada do Bule em Arapongas, outro na cidade de Sabaudia, Maringá, Tamboara, Santa Zélia e Astorga. No início da década de 50 construíram separadamente suas residências. As famílias foram divididas e KATARINA, a matriarca da família, passou a viver juntamente com a família do filho mais velho, MIGUEL HORVATICH. O patriarca da família já havia falecido. Os Horvatich, pioneiros da cidade, chegaram a Arapongas quando se iniciaram as vendas dos primeiros lotes (1935); neste período ainda era 'distrito' da cidade de Rolândia. Nessas terras puderam vivenciar e presenciar literalmente, a “construção de uma cidade”. Os tijolos da Igreja Matriz saíram, em grande parte, da olaria dos Irmãos Horvatich. Católicos fervorosos mantinham uma estreita ligação com o saudoso PE. Bernardo Merkel e outros que passaram pelo então ‘distrito de Arapongas’. Uma curiosidade é que o projeto inicial da Igreja Matriz trazia somente uma torre lateral, no que o então PE. Bernardo Merkel consultou Miguel Horvatich para uma opinião e o pioneiro sugeriu que fosse acrescentada mais uma torre, pois 'segundo suas palavras' ficara desproporcional "parecendo uma vaca com um chifre só". O projeto retornou para modificação e foi alterado conforme sugestão de MIGUEL. Todo o progresso vivido pela cidade de Arapongas faz parte da lembrança dos familiares mais velhos. A velha e nova igreja matriz; a Praça Mauá; o ginásio de esportes; o primeiro asfalto da então Avenida Central, que passou a ser chamada Avenida Presidente Getúlio Vargas, e futuramente recebeu o nome que atualmente conhecemos: Avenida Arapongas; o louvor da primeira escola, visto que os primeiros filhos dos Horvatich foram alfabetizados por MIGUEL e posteriormente por JOÃO, pois não havia escola quando da chegada a Arapongas; e outras tantas memórias. Quantas recordações!! E muitos destes familiares estão vivos para relatar cada detalhe dessa ‘nossa cidade’, como também cada lembrança de vida e luta que seus pais – ÁGUIDA, MIGUEL e JOÃO -vivenciaram nos seus longos anos de vida. Poucos são os araponguenses que vislumbram um passado tão rico em detalhes como os integrantes desta família! Eles viram não somente Arapongas ganhar o título de cidade, como também galgar rumo às proporções que hoje se encontra.
ÁGUIDA e o esposo Mathias, mudaram-se, anos depois para Ângulo, distrito de Iguaraçu, onde se casou a quinta filha do casal. Posteriormente adquiriram uma fazenda na cidade de Janiópolis (Pinhalzinho), oeste do Paraná e os filhos mais velhos mudaram-se para a nova cidade. Águida, Mathias e o filho menor, José, retornaram a Arapongas, onde viveram por um curto período em uma casa localizada na Vila Cascata, juntando-se mais tarde ao restante dos filhos, onde puderam reconstruir uma vida pautada na integridade tão peculiar aos nossos ancestrais. JORGE HORVATICH, o patriarca, nos deixou em 1942, com 79 anos. KATARINA, a matriarca, faleceu bem mais tarde, no ano de 1956 aos 77 anos. ESTEVAN, não há relatos de sua morte, visto seu distanciamento da família. ÁGUIDA HORVATICH partiu muito cedo, aos 62 anos, na cidade de Janiópolis e deixou imensas saudades, pois era uma mulher muito carinhosa e bondosa. JOAO HORVATICH faleceu em 1983, aos 72 anos deixando a todos a lembrança do seu bom humor. E por fim, MIGUEL HORVATICH pode viver por mais alguns anos ao lado da família, vindo a falecer em 1999, aos 93 anos, por complicações após um acidente de carro, mas deixou seu exemplo de honestidade e valor pela vida! Atualmente na quinta geração e com mais de 500 descendentes, a família orgulha-se do passado de luta e honestidade de seus antepassados. No ano de 2012 a FAMÍLIA HORVATICH completou 100 anos da chegada de seus ancestrais a este país e exatos 77 anos da chegada a Arapongas, estado do Paraná. Hoje, com a cidade em pleno desenvolvimento e a família em plena expansão, espera-se que cada integrante desta família, tanto da geração atual, como da vindoura, mantenha viva em sua mente o exemplo de JORGE, KATARINA, ÁGUIDA, MIGUEL e JOAO. E principalmente, que sigam esse exemplo trabalhando e lutando na construção do seu próprio legado. E que acima de tudo sejam capazes de manter como ‘HONRADO E HONESTO’ um nome que demorou cem anos para ser construído, o nome HORVATICH!!