07/09/2025
A injustiça que todos vêem e se calam.
A cena é desconcertante: uma criança recebe um boné autografado de seu ídolo, e num instante, um adulto lhe arranca o presente das mãos. O agressor sai vitorioso, fotografando seu "troféu", enquanto a criança f**a para trás, imersa em uma frustração profunda e impotente. Para quem assiste, é uma indignação momentânea. Para quem vive, é uma ferida que pode marcar pra sempre.
Este episódio específico do tênis é um microcosmo de um fenômeno relacional muito mais amplo e antigo. Desde cedo, aprendemos que a vantagem obtida por meio da força, do oportunismo ou da desonestidade muitas vezes não só funciona como f**a impune. No âmbito profissional, conjugal ou social, testemunhamos e vivenciamos situações onde o opressor, aquele que não hesita em pisar no outro, leva a vantagem impune, enquanto o oprimido arca com todo prejuízo.
A grande questão, no entanto, não é a injustiça em si – um mal social inevitável –, mas como reagimos a ela. O objetivo crucial do agressor não é vencer aquela disputa específ**a, que já nasceu viciada, mas validar a lógica perversa que ele tenta implantar. *A verdadeira vitória reside em não permitir que esse evento defina nosso lugar no mundo*.
Superar tal fenômeno sem abalar a autoestima exige uma mudança de perspectiva. É entender que a "vitória" daquele homem com o boné é vazia; ele pode ter ganho um objeto, mas perdeu em caráter e humanidade. A criança, ainda que na posição de "vencida" naquela disputa, não é um perdedor na vida, ele não faz parte de uma fatia que perderá sempre. Isto é tentativa de alienação que infelizmente funciona em muitos casos.
O caminho é recusar o estigma de derrotado e canalizar a experiência para uma trajetória de independência e crescimento pautada por valores éticos. Signif**a construir um sucesso que não dependa de explorar os outros, mas da própria competência e integridade. Dessa forma, preserva-se a dignidade intacta, prova-se a própria força e, por fim, liberta-se da dinâmica tóxica que prega que os fins justif**am os meios. A maior revolução é prosperar mantendo a própria humanidade se recusando a se posicionar do lado que sempre perde.