22/04/2016
Entenda o Motivo do BELA, RECATADA E "DO LAR"
(Vale a pena ler até o final).
“Marcela Temer é uma mulher de sorte: seu marido, Michel Temer, continua a lhe dar provas de amor após treze anos de casamento”.
“Marcela é uma vice-primeira-dama do lar. Seus dias consistem em levar e trazer Michelzinho da escola, cuidar da casa, em São Paulo, e um pouco dela mesma também (nas últimas três semanas, foi duas vezes à dermatologista tratar da pele)”.
“Em todos esses anos de atuação política do marido, ela apareceu em público pouquíssimas vezes” e, segundo a irmã mais nova, isso acontece porque Marcela “sempre foi recatada”. A estilista Martha Medeiros diz ainda que Marcela “gosta de vestidos até os joelhos e cores claras”.
Pronto: é isso que está na reportagem que causou a fúria das feministas e de muitas meninas que não compraram a revista (afinal, é a “VEJA”!), não leram a reportagem, mas entraram na onda do “Bela, recatada e do lar”.
No fim da reportagem, Veja traz trecho de uma poesia feita por Temer em homenagem a Marcela e lançada num livro de 2014: “Minha alma/ Meu tudo/ Em brasas/ Meu corpo / Incendiado/ Consumido / Dissolvido/ Finalmente/ Restam cinzas/ Que espalho na cama/ Para dormir”. E sentencia: “Michel Temer é um homem de sorte”.
Esse é o motivo de tantas fotos “no bar”, com o dedo em riste ou em cenas pouco convencionais: é tudo uma resposta à “reportagem machista” da revista VEJA.
Ora, é preciso muito esforço ideológico para achar que tudo não passa de uma visão machista das coisas. A Carta Capital, que só tem alguns leitores porque vive falando mal de Veja e da Rede Globo, escreveu um artigo tratando do “machismo” da revista como uma resposta ao estilo Dilma Rousseff. A mesma Carta Capital não escreveu uma linha sequer sobre um comentário de Lula em gravação divulgada nos meios de comunicação. Nela, o ex-presidente - de forma jocosa, pejorativa e vulgar - refere-se às feministas do PT como “mulheres do grelo duro”. Sabe qual foi a reação da Carta Capital? Nenhuma! Sabe qual foi a reação dos grupos feministas? Elogiar o comentário! Imagine se fosse a Veja que escrevesse isso!
O curioso é como “se entra na onda” sem se ler uma linha. Foi da Veja? Então não presta! Muitas que agora postam fotos “revolucionárias” contra o estereótipo da “bela, recatada e do lar” criticam com termos pejorativos mulheres que bebem além da conta, que usam roupas muito curtas ou que “pegam mais de um” na balada.
A mulher quer beber e fazer o que lhe dá na cabeça? É direito dela. Quer usar shortinho ou blusas bem decotadas? É direito dela. Quer pegar 50 na balada? É direito dela. Mas é direito também ser “recatada” e “do lar” – e nenhuma mulher pode ser discriminada por causa disso.
Sei que este artigo vai receber uma saraivada de críticas. A patrulha feminista (muitas vezes tão radical quanto os machistas) não entende muito de democracia. Nem quando lida com as próprias mulheres. Ou se pensa como elas, ou “precisa libertar-se”.
Ao escrever que Marcela é “bela”, Veja constatou algo óbvio. Ao dizer que era “recatada”, fez alusão ao fato de que a moça evita exposição pública, mesmo tendo um marido que é vice-presidente (e quase presidente) da República. Ao escrever que era “do lar”, mostrou que Marcela não exerce a profissão (é formada em Direito) e apenas cuida do filho e da casa. Qual o problema? Muitas mulheres estão na mesma condição e nem por isso são inferiores.
Quer beber? Beba! Quer “causar” na balada? Cause! Quer defender seus ideais? Defenda! Mas vamos deixar de tanta patrulha ideológica. Cada mulher deve decidir o que lhe convém e o que a faz feliz. Há quem seja do bar, há quem seja “do lar”, há quem seja dos dois. Simples assim.