03/08/2024
Frente aos acontecimentos da I Guerra Mundial, Freud (1920/1976) passou a ocupar-se das neuroses traumáticas. Ao buscar compreender o que se passava nestes casos, Freud adentra o terreno da compulsão à repetição, da pulsão de morte, ou seja, as experiências do passado que não têm nenhuma ligação com o desejo de prazer e que não foram simbolizadas se repetem.
A situação de desamparo atual do sujeito pode estar ressignif**ando o desamparo inicial na infância cujas marcas dão conta de uma experiência de não-cuidado. Como conseqüência percebe-se uma importante falta de recursos e, conseqüentemente, uma suscetibilidade de inundamento psíquico pelo excesso traumático. Atordoado e preso à busca por dominar os estímulos que tomaram o aparelho psíquico, o sujeito torna-se condenado a uma incessante repetição de registros de dor.
Marion Minerbo explica que a paraexcitação é a estrutura que protege o aparelho psíquico do trauma, como se fosse um escudo protetor. Como toda estrutura psíquica, a paraexcitação é constituída na infância, apoiada na paraexcitação do primeiro objeto de amor, que na maioria dos casos vai ser a mãe. A paraexcitação protege o psiquismo do excesso de excitação do mundo exterior, que invade o psiquismo destruindo as ligações existentes e produzindo dor emocional.
Por isso, cada um vai reagir de forma diferente frente ao excesso de excitação do psiquismo provocado por um evento traumático. Quem tem uma paraexcitação bem constituída, terá mais recursos para lidar com essa energia excedente e escoar de uma maneira transformada, ou seja, de uma maneira mais saudável. Quem não tem uma paraexcitação bem constituída, tem muito mais chances de adoecer.
Dor e desamparo marcam, inevitavelmente, qualquer sujeito psíquico. Ao nomeá-los em palavras, o paciente encontra na análise a garantia de uma escuta singular, para que o trauma possa ser elaborado, dando espaço para sua autonomia e liberdade.
Mayra Medeiros Osório
CRP 07/25137