
25/07/2025
É muito bom ter ver, minha Mãe.
Lhe admiro como a criança que, um dia, escorreu para dentro de mim, no fluxo incessante das águas que o tempo leva - e que o tempo traz.
Aliás, Mãezinha, por falar em tempo, os reflexos do seu espelho sussurram as minhas inconfidências?
No véu d'água pelo qual dançam seus cabelos, dançam também os meus?
E os meus dias, mãe, como são contados? Terminarão abruptamente, como a queda forte que cai, sem se anunciar, arrastando pedras e galhos rio afora? Ou, por um milagre do seu amor, se estenderão pelo infinito do cosmos, feito gotas, feito brilho... Feito vida.
Seu abraço gelado-quente me responde, sem, no entanto, traduzir a linguagem do mistério.
Leva, Senhora, por misericórdia, o meu peito de fogo até a pedreira mais alta de Xangô.
Permitam que Exu continue sendo o meu melhor amigo, ao passo em que os Senhores acompanham, no Orun, o segredo da minha encarnação.
Que voa, em cascata estratosférica, até o que existe, lá... Depois das águas, dos rios, pedreiras e montanhas...
Lá, depois do depois que virá ainda depois. Com a permissão e a benção dos Senhores.
Pra sempre.
💛