09/12/2022
Temos visto uma sequência de fotos espetaculares de mulheres parindo e “vencendo o sistema”. Encantadoramente incrível. Mas se pararmos p pensar: que triste a mulher ter que VENCER algo (ou seja, ter que lutar/brigar/fugir e afins) p poder viver um processo fisiológico, um processo que faz parte do seu corpo, da sua natureza (que mesmo quando tem intervenções necessárias não diminui os benefícios e o agir da fisiologia). E não deveria ser assim, não deveríamos ter que lutar p ter um parto, já que parir é normal e é mais seguro (com menos riscos p mãe e bebê) do que operar, na gigantesca maioria dos casos. Mas “PARIR NO BRASIL NÃO É PARA AMADORES”… aqui dizem que mulher não pode parir pq é pequena demais ou gorda demais, não pode parir pq é muito jovem ou muito velha, não pode parir pq o bebê é grande ou pequeno, não pode parir pq é prematuro ou pq já tá passando da hora, não pode parir pq a pressão tá alta, não pode parir pq o cordão tá enrolado no pescoço, não pode parir pq a bolsa estourou, não pode parir pq tem mecônio, não pode parir pq a musculatura é rígida (🙄), não pode parir por esse tanto de MOTIVOS FALSOS e depois ainda dizem que a mulher não pode parir pq tem uma ou duas cesáreas anteriores (desnecessárias na maioria das vezes, obviamente) 🤡 e quando realmente necessita de cesárea é obrigada a ouvir que “sofreu a toa”. Que difícil né?! E p piorar ainda temos a cultura cansativa, onde familiares, amigos e colegas testam incansavelmente a saúde mental das mulheres nessa fase sendo completamente inconvenientes, palpiteiros e às vezes até maldosos… ou seja, parir no Brasil é ter que realmente vencer esse sistema que é perfeitamente montado para a cirurgia. Tem que querer muito! E não são só as gestantes que precisam lutar não… nós profissionais da humanização do parto também: se não lutamos, o sistema nos corrompe e quando não corrompe julga e critica como se fosse errado seguir as evidências científicas e a recomendação da OMS de que o ideal é apenas 15% de cesáreas. Mas é isso aí! Bora continuar lutando e vencendo… pelas mulheres e pelos bebês!
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