03/10/2023
Respondendo a um teste sobre perfil, uma das perguntas era assim: você sonha alto?
Eu ri de deboche, falando com o teste como se eu estivesse falando com o autor dele e respondi: meu filho, nem sonhado eu tenho, quanto mais, alto!
Foi nessa e em inúmeras parecidas com essa que eu vi a minha vulnerabilidade sendo testada, avaliada, medida e esfregada em minha cara!
Se eu achava que sabia o que era estar nesse lugar, mal sabia que a proposta da vida era que eu agora decorasse, engolisse, deixasse penetrar em mim! Sim, eu meio que estava permitindo ele diretamente em minha rotina, uma sensação que me causava hora inquietude, hora total congelamento, um desagrado desconfortável sem fim, eu era uma desajustada e não pertencente ao mundo! A tal da impermanência! Queria voltar ao mundo, queria entender, como disse, o que eu achava que sabia.
Alguns têm facilidade em falar e permanecer no impermanente. Sou fã de artistas que me tocam nesse lugar e tenho percebido o porquê, eles se comunicam comigo por meio disso.
Sem saber disso, há uns 2 anos havia pensado no Falar em essência, sem saber muito bem o que queria, só sabia que pessoas deviam estra comigo nessa jornada, porque adoro compartilhar. Eu na época não coloquei em prática, a desculpa foi tempo, inabilidade tecnológica, enfim, auto sabotagem. Atualmente percebi e senti isso me tocar outra vez, agora veio em ondas gigantes que me cobriram por inteiro e o que me restou foi olhar para ao menos para não me afogar. Percebi então a necessidade de comunicar sobre isso e empaticamente notar que mais pessoas sentem e de modo tão lindamente diferente.
Por perceber essa comunicação necessária, abri a gaveta e retomei, convidei pessoas que pudessem, ousassem e quisessem experimentar, mostra um pouco de como isso as habitava e mesmo com a pouca habilidade nas tecnologias, fiz o que pude e nasceu o Falar em essência!
Com ele, veio mais um monte de coisas, de olhares, de admirações, de respeito por tudo que podemos ter guardadinho em nossas cabeças e em nossos corações.
Em um texto budista li que “todos nós temos um imenso potencial e contudo nos fechamos num mundo muito pequeno, amedrontado, baseado no desejo de evitar o desagradável, doloroso, inseguro, imprevisível. Existem vastas e ilimitadas riquezas e maravilhas a serem vividas, se acostumarmos o nosso sistema nervoso à realidade incerta, de final aberto, das coisas como elas são.”
Digo que ainda é muito novo experimentar esse lugar, mas as lentes diferentes foram como um bálsamo para as dores, um inspirar novamente o ar no momento do afogamento, um vir a ser o que se é, apesar de.
Brené Brown que me inspirou tanto, diz que “conversas honestas sobre vulnerabilidade e vergonha são perturbadoras. O motivo pelo qual não costumamos ter essas conversas é que elas laçam luz em cantos obscuros.”
Portanto, não poderia acontecer com qualquer pessoa, de qualquer forma, mas com aquelas que pudessem lançar luz nesses cantos e sustentarem a impermanência. Portanto, aos que se dedicaram a isso comigo, serei eternamente grata.
Mantenho o falar em essência por aqui, talvez com uma constância menor, mas sempre presente. Por isso também usei as tecnologias das redes socias, plataformas de áudio e vídeo, para que possam ser de certa forma registrados e mantidos a quem se interessar olhar, sem a pretensão que alcance milhões, mas que alcance quem de fato deseja não somente se olhar, mas perceber, reparar e que isso lhe faça algum sentido, em algum lugar.
Assim seguimos, pois recebi vários feedbacks, de incômodos até reviravoltas no coração, de bálsamo à raiva, de acolhimento à inspiração e é isso que basta! Já dizia Bert Helinger: O essencial é simples! Essa fala nunca fez tanto sentido.
Pema Chondron diz assim: “quando aprendemos a manter a crueza da vulnerabilidade no coração, seremos capazes de experimentar nossas mentes e corações como sendo tão vastos como o universo.”
Seguimos experimentando.