27/04/2023
O mal-estar contemporâneo, sentimento oceânico e Humanidade
O trabalho retoma alguns textos sociais de Freud escritos entre 1927 e 1930 e remonta à sua atualidade com reflexões referentes ao século XXI. Para Freud, a cultura é a soma das realizações e disposições que orientam nossa vida, e exige renúncias para proteger os seres humanos de seus impulsos destrutivos. Os seres humanos gregários só existem como sujeitos a partir da sua relação com o outro e são marcados pelo tempo passado, histórico e futuro que depende principalmente da preservação da espécie e da vida na Terra.
Se o paradigma contemporâneo nasce da luta travada nos séculos anteriores por liberdade e para garantir o livre comércio entre os países e os direitos humanos, algo fracassou, já que a pandemia de COVID-19 tirou a liberdade de ir e vir e a segurança.
Diante da crise mundial a proposta é retomar o conceito de sentimento oceânico, que segundo Freud seria uma cicatriz mítica deixada pelo cuidado de um ser que nos amparou, nos alimentou e nos protegeu, e com isso nos permitiu experimentar uma experiência de plenitude.
Se a ilusão é produto de nossos desejos, o sentimento oceânico parece ser uma necessidade humana frente à finitude do próprio desaparecimento, que cria um laço de esperança e de alívio, de que um dia poderemos retornar à plenitude perdida e nos unirmos com a sensação de pertencimento e indissociabilidade.
O cenário da crise contemporânea nos oferece a possibilidade da reflexão sobre o complexo contexto da origem do sentimento oceânico, o colo materno e o sonho da mãe e a tão esperada Reverie benigna. A mesma crise revela a complexidade do mal na Reverie Hostil, marcada pelo ódio, pelas guerras e pela destruição.