
20/09/2025
Enquanto estudante de medicina eu por muitas vezes ia ao consultório de minha mãe, Laíse Fontelles e a acompanhava em alguns de seus atendimentos médicos. Um dia desses foi determinante para escolha de minha especialidade, Otorrinolaringologia, seguindo a mesma escolha de minha mãe.
Entrou em seu consultório uma menina acompanhada de sua mãe. Essa criança que devia ter cerca de 10 anos de idade possuía um olhar triste, de sofrimento, de dor. Apresentava muitas dificuldades de se comunicar e não demonstrava interesse de se relacionar e de entender o que médica questionava. A mãe da menina referiu que sua filha tinha uma infecção nos ouvidos de muitos anos que provocava uma drenagem persistente de secreção amarela e muito fétida. A mãe disse que a menina não tinha amigas (os) e que não gostava de ir à escola, pois seus colegas a chamavam de “fedorenta “ .
Minha mãe me disse que o o mau cheiro era decorrente de uma infecção crônica do ouvido com secreção (pus), cuja a presença de bactérias no ouvido que se proliferam e decompõe tecidos e fluidos. É durante o processo de "alimentação" e metabolismo dessas bactérias que o odor desagradável é produzido. As bactérias liberam enzimas e subprodutos metabólicos voláteis, que evaporam facilmente e chegam ao nosso nariz.
Me foi dito por minha mãe que a maioria dos tratamentos de ouvido crônico são cirúrgicos, e que envolve um certo grau de complexidade e haviam poucos médicos que realizavam esses procedimentos.
Nos dias e noites que seguiram a esse encontro foi determinante para minha escolha de especialidade, minha inspiração e motivação seria de tratar as “meninas” de ouvido crônico, acolher as fedorentas.
Compreendi que a alegria de uma criança traz pureza, amor, uma energia de buscas incessantes por novas amizades, conhecimentos e descobertas. Compreendo que ao plantar o sorriso, é assim que faz germinar um olhar para vida com leveza e uma esperança renovada de mundo melhor .