10/08/2021
Que minimamente esse post sirva de reflexão para muitos.
"Um poster polêmico", "Novo poster de filme de Almodóvar vem dando o que falar", "Poster de filme choca internautas".
2021.
Uma pandemia.
Uma vacina desenvolvida em tempo recorde graças ao desenvolvimento científico.
E essa gente paleolítica vem dizer que:
UM PEITO JORRANDO LEITE MATERNO É POLÊMICO, DÁ O QUE FALAR OU CHOCA.
Mas olha... O retrocesso sempre consegue ser maior do que a gente espera. Uma semana depois da SMAM 2021, a Semana Mundial de Aleitamento Materno, e a gente tem que ler manchetes como as que coloquei acima. Porque, aparentemente, os peitos das mulheres só podem servir aos homens, ao patriarcado, quando ele produz leite, aí ele vira polêmico, aí ele choca, aí ele dá o que falar.
O Instagram tá coalhado de perfis onde mulheres magérrimas, ostentando a defesa de um corpo padrão, mostram seus peitos parcamente cobertos por uma tirinha minúscula de tecido. Nada contra, se eu gostasse de biquini assim talvez também postasse porque, afinal, uma mulher deve postar o que ela quiser. Mas um peito jorrando leite, aí não pode, aí choca, aí dá o que falar. P o l ê m i c o. Preguiça...
Eu sou apaixonada pelo trabalho do Almodóvar - não é por menos que tenho tatuado no meu braço a capa de TUDO SOBRE MINHA MÃE, porque esse filme foi um dos primeiros que assisti a falar sobre a diversidade das maternidades: mães lésbicas, mães trans, mãe solo, mães marginalizadas, mães de tudo que era jeito. Acho que o Almodóvar é um dos poucos diretores homens de outra geração que pautam a diversidade da vida das mães sem nos invisibilizar, nos dando protagonismo.
Madres Paralelas, estrelado por Penélope Cruz, Rossy de Palma, Milena Smit, Israel Elejalde, Aitana Sánchez-Gijón e Daniela Santiago, abrirá o Festival de Cinema de Veneza deste ano, no início de setembro, e se propõe a falar sobre diferentes maternidades a partir das histórias de duas mães que engravidaram sem planejar (me identifico!).
Tô louca pra assistir. Uma capa linda dessa e vindo do Almodóvar, tem tudo para ser bom. E a vocês, peitofóbicos: superem.