
13/05/2025
Levei para uma idosa uma poesia de sua autoria, dentre várias artes que desenvolveu ao longo da vida, a escrita foi uma delas. Destaquei algumas poesias e dentre elas uma que falava sobre o "tempo". E mais uma vez me vi de frente com essa ideia e suas ambiguidades. Na poesia sublinhamos o que no tempo era bom ou não. Me chamou atenção a Sra. dizer que a dor era mais ou menos boa, quebrando meu pensamento sobre a dor ser sempre ruim. E ao questioná-la, ainda que a demência tenha avançado e limitado algumas reflexões, ela me diz que a dor é mais ou menos boa porque ela aparece quando algo precisa de atenção.
Mais uma vez fiquei sem respostas... Os mais velhos vira e mexe me colocam de frente a reflexão.
Essa concepção me levou a cosmopercepções africanas, que não separam o indivíduo corpo e mente, que não segmentam as partes do corpo para pensar saúde. Somos seres integrais e realmente, a dor da sinais. Estamos tão acostumados a medicar a dor as pressas para dar conta da vida, que deixamos passar o que a vida está tentando nos dizer.
Na demência, as vezes uma vontade de "ir embora" mesmo quando já se está em casa, pode apontar para um desconforto que aquela pessoa não dá conta de expressar em palavras.
Ao final do atendimento, em 3 minutos aquela sra. pensou a poesia descrita neste carrossel. Qual dor você tem deixado de lado?