14/05/2025
Historicamente, a medicina tratou relatos de dor em corpos femininos como exagero, histeria ou fraqueza emocional.
Sintomas eram desacreditados. Sofrimentos eram minimizados.
Essa negligência moldou gerações de diagnósticos tardios e de tratamentos insuficientes.
Mas o abandono não foi — e ainda não é — igual para todas as pessoas.
Mulheres negras, indígenas, pessoas pobres, homens trans e pessoas não-binárias sempre enfrentaram barreiras ainda maiores para serem ouvidas e cuidadas.
A saúde ginecológica, como toda prática médica, não é neutra.
Ela é atravessada por estruturas sociais que determinam quem é levado a sério, quem é escutado, quem recebe o cuidado que merece.
Ainda hoje:
▪️Mulheres negras têm maior risco de morrer por causas evitáveis relacionadas à saúde reprodutiva.
▪️Relatos de dor de pessoas designadas mulheres ao nascer são levados menos a sério do que relatos masculinos cis.
▪️Pessoas trans enfrentam negligência, violência e despreparo em atendimentos básicos.
Respeitar a dor é respeitar a história de quem carrega esse corpo.
É romper com séculos de exclusão.
É construir, na prática, um cuidado que seja inteiro, consciente e verdadeiramente humano.
Dor sentida merece ser reconhecida.
Saúde de verdade começa pela escuta.
Esse é o princípio primordial do atendimento humanizado.