psi.raquelrios

psi.raquelrios Valorização da saúde mental e desenvolvimento emocional, através de uma psicanálise viva, afeti

Admiro em você o gesto de reconhecer, em si mesma, a mesma humanidade que acolhe em seus pacientes e/ou colegas de traba...
27/08/2025

Admiro em você o gesto de reconhecer, em si mesma, a mesma humanidade que acolhe em seus pacientes e/ou colegas de trabalho.
Reconheço nossos limites e potencialidades — e por isso admiro quando a dedicação e estudos são contínuos, a curiosidade pulsante e a ética preservada.
Nosso ofício não nasce de um dom inato, tampouco de uma caridade improvisada:
é humildade em exercício, é atravessar na própria pele o cuidado que nos dispomos a oferecer.
Carregamos o peso das responsabilidades, a preocupação com dores profundas que muitas vezes ecoam em nós,
andando em par e passo com nossos próprios desafios pessoais e familiares. Com nossos próprios lutos, inquietações e faltas.
Também sei do peso silencioso dos boletos, dos impostos, da agenda que nem sempre cabe em nossas mãos.
É trabalho — e, justamente por sê-lo, é ainda mais digno.
Admiro a escolha e coragem que partilhamos:
a de sustentar, dia após dia, a aposta nos vínculos,
a confiança de que, no encontro entre humanos, algo pode se transformar.
Feliz dia do psicólogo —
seguimos juntos nessa corajosa humanidade compartilhada.🌷

Visitei o Parque das Aves, em Foz, e senti que a vida resiste em cores e cantos — testemunho frágil e vibrante do que ai...
26/08/2025

Visitei o Parque das Aves, em Foz, e senti que a vida resiste em cores e cantos — testemunho frágil e vibrante do que ainda pulsa, mesmo diante do ataque humano e do abismo que nós cavamos. Me impactou descobrir a ferida aberta: apenas 8% da Mata Atlântica sobrevive.

Na sequência do final de semana, conheci também a Aripuca (“arapuca” no português) em Puerto Iguazú, e ali a metáfora ganhou corpo: uma imensa armadilha de madeiras ancestrais nos lembra que seremos prisioneiros daquilo que devastamos.

Me lembrei de Bion, quando escreveu sobre a arrogância humana que ataca os vínculos, que recusa a dependência e a humildade de reconhecer-se parte de algo maior.
O mesmo ataque que se dirige ao outro, e até a nossa própria mente, também pode ser dirigido ao ambiente como se a natureza fosse mera extensão da vaidade — e não o tecido vivo do qual fazemos parte.

Contudo, em mim insiste pulsante uma fresta de esperança: se a arrogância destrói, o vínculo pode reconstruir. Se a oca gigante da Aripuca é metáfora de nossa própria armadilha, talvez também seja convite a repensar o caminho — menos cárcere, mais abrigo.

Somos capazes disso?

Diante da grandiosidade de Itaipu, fiquei impressionada não só com a engenharia, mas com a metáfora viva que se ergue al...
22/08/2025

Diante da grandiosidade de Itaipu, fiquei impressionada não só com a engenharia, mas com a metáfora viva que se ergue ali: a força bruta das águas contida por diques que as transformam em energia. Freud nos ensinou que a psique também constrói seus próprios diques — defesas que seguram as torrentes inconscientes, para que não nos inundem de angústia.

Essas barreiras internas, quando bem dosadas, nos ajudam a viver, a transformar a intensidade da vida em criação. Mas, se se erguem altas demais, tornam-se prisões: impedem o fluxo, sufocam a vitalidade e empobrecem o ego.

Assim como Itaipu mostra a potência da água quando contida sem ser aniquilada, também nós precisamos permitir que algo de nossas profundezas encontre passagem — para que a vida não se reduza a mera contenção, mas se expresse em movimento, energia e beleza.

Para aqueles que cumprem a desafiadora e necessária função paterna, que pintam nossa vida com cores de amanhecer, que sã...
10/08/2025

Para aqueles que cumprem a desafiadora e necessária função paterna, que pintam nossa vida com cores de amanhecer, que são porto, farol e asas - abraço que acolhe e desperta coragem:
Feliz dia dos pais!

Há palavras que nos atravessam.Palavras de livros, de autores, de pacientes.Palavras que pousam em nós como semente.“Um ...
08/07/2025

Há palavras que nos atravessam.
Palavras de livros, de autores, de pacientes.
Palavras que pousam em nós como semente.

“Um dia feliz tem mais poder que a tristeza de uma vida inteira. Nele moram as reviravoltas.”
Li essa frase de Carla Madeira e me arrepiei ao ouvi-la ecoar novamente da boca de um paciente.

Sim, porque entre silêncios, dores e desafios, somos também testemunhas de reviravoltas.
Elas chegam de mansinho, às vezes, quase imperceptíveis, mas vêm.
Têm a força de mudar um destino, de devolver o riso, de renovar a esperança.

Há algo profundamente humano em reconhecer que a alegria pode, sim, ser maior que o sofrimento.
Que um dia feliz carrega a força de reescrever histórias inteiras.
Que vale a pena lutar por esses dias. E que é menos pesado quando lutamos juntos.

No consultório, e dentro de mim, guardo cada dia feliz que floresce.
Eles me lembram da força que temos de renascer, do amor que nos move,
e do milagre simples que é acreditar de novo.
No novo. 🌷

Foi em uma das calouradas da minha vida universitária que ouvi, pela primeira vez, o tom do nordestino de olhos claros.“...
28/06/2025

Foi em uma das calouradas da minha vida universitária que ouvi, pela primeira vez, o tom do nordestino de olhos claros.
“Foi arrebatador, chegou sem avisar.”

Me mostrou que eu podia ser Todas Elas Juntas Num Só Ser.
E, a partir dali, passou a me fazer companhia no Pôr do Sol, e em Todos os Caminhos.

Com melodias ora vibrantes, ora delicadas, suas letras nomeavam o Miedo, a Paciência e tantas outras nuances de estar Vivo, que eu me encantei.
Simples assim.

Seu nome é Lenine — trilha sonora de tantas das minhas experiências.

Canções da minha dor
Canções do meu pesar
Canções do meu amor
Canções do meu amar (...)
O que eu sou,
eu sou em par.
Não cheguei,
não cheguei sozinha.”

Ter o privilégio de escutá-lo ao vivo, mais uma vez, me lembrou do bálsamo que é contarmos com a arte, com a música, com a literatura — e claro, com a psicanálise — para nos ajudar a dar voz e forma aos ruídos em nós.

Fundamental é mesmo esse Outro
que nos ajuda a cantar o que cala.
Que pode ser ponte, pulso, palavra.

Obrigada por essa noite belorizontina memorável ✨

Foi em uma das calouradas da minha vida universitária que ouvi, pela primeira vez, o tom do nordestino de olhos claros.“...
28/06/2025

Foi em uma das calouradas da minha vida universitária que ouvi, pela primeira vez, o tom do nordestino de olhos claros.
“Foi arrebatador, chegou sem avisar.”

Me mostrou que eu podia ser Todas Elas Juntas Num Só Ser.
E, a partir dali, passou a me fazer companhia no Pôr do Sol, e em Todos os Caminhos.

Com melodias ora vibrantes, ora delicadas, suas letras nomeavam o Miedo, a Paciência e tantas outras nuances de estar Vivo, que eu me encantei.
Simples Assim.

Seu nome é Lenine — trilha sonora de tantas das minhas experiências.

“Canções da minha dor
Canções do meu pesar
Canções do meu amor
Canções do meu amar (...)
O que eu sou,
eu sou em par.
Não cheguei,
não cheguei sozinha.”

Ter o privilégio de escutá-lo ao vivo, mais uma vez, me lembrou do bálsamo que é contarmos com a arte, com a música, com a literatura — e claro, com a psicanálise — para nos ajudar a dar voz e forma aos ruídos em nós.

Fundamental é mesmo esse
Outro que nos ajuda a cantar o que cala.
Que pode ser ponte, pulso, palavra.

Obrigada por essa noite belorizontina memorável! ✨

Ontem, no show da turnê Tempo Rei, vivi a emoção de escutar ao vivo uma das músicas que mais me atravessam: “Se eu quise...
15/06/2025

Ontem, no show da turnê Tempo Rei, vivi a emoção de escutar ao vivo uma das músicas que mais me atravessam: “Se eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil.

Mais do que uma canção de viés espiritual, ela me convoca - como psicóloga e psicanalista - a refletir sobre a delicadeza do encontro analítico.

Já utilizei essa música em diversas aulas como convite à reflexão: falar com Deus, aqui, funciona também como metáfora para o gesto íntimo de adentrar um território sagrado — o espaço subjetivo de cada paciente, o caminho rumo ao Inconsciente.

Essa travessia exige silêncio, renúncia das certezas, disposição para atravessar a dor e tolerar o desconforto de não saber.
Sem garantias.
Um salto no escuro.

A imagem é mística, mas também profundamente existencial. E me remete diretamente ao pensamento de Wilfred Bion.

Para Bion, o contato com o “misterioso” — o inefável — só se torna possível quando abrimos mão da necessidade de compreensão imediata. Quando deixamos de lado memórias desejadas, teorias preestabelecidas e explicações prontas.

Assim como na canção, é necessário aceitar a dor, silenciar, apagar a luz, esvaziar as mãos.
Ou seja, estar disponível ao silêncio, ao tempo do outro e à experiência emocional que emerge na sessão.

Essa música é, para mim, um lembrete poético da escuta que não invade, mas acompanha, sustenta e possibilita um encontro genuíno e profundo — ainda que distante do esperado ou do idealizado.

✨ Te convido a fechar os olhos e escutá-la.
Como ela te atravessa?

Hoje, depois de muito tempo, estive no bairro da Pampulha novamente. E foi uma experiência tão significativa quanto pote...
03/06/2025

Hoje, depois de muito tempo, estive no bairro da Pampulha novamente. E foi uma experiência tão significativa quanto potente.

Foi lá que dei meus primeiros passos — ou melhor, minhas primeiras engatinhadas — na prática clínica. Foi o local do meu encontro com minha primeira supervisora, que, além de abrir espaço para que eu atendesse sublocando alguns horários da sua sala, me encaminhou minha primeira paciente após a conclusão da faculdade. Ela confiou em mim e no trabalho que poderia surgir daquela dupla analítica. E eu, por outro lado, apostei também: nos vínculos, na psicanálise, em mim. Acreditei no quanto poderia crescer e me desenvolver a partir daqueles encontros e percursos.

Não medi esforços. Lembro que pegava o ônibus 5401, que saía do Coração Eucarístico e levava cerca de uma hora até a Pampulha — e outro tanto a mais para voltar. Entre idas e vindas, perrengues, inseguranças, dúvidas, aprendizados e conquistas, de ponto em ponto, passo a passo: fui me expandindo e crescendo.

De lá, passei a sublocar meu próprio espaço. Depois, mudei de bairro. E ao voltar hoje à larga avenida Coronel José Dias Bicalho, vendo quantas lojas novas surgiram e quantas coisas ainda permanecem — como o mesmo sabor do folhado de brigadeiro (para nossa alegria!) —, me dei conta do quanto eu também mudei nessa caminhada. Mas percebi, igualmente, o quanto algumas coisas seguem firmes dentro de mim.

Sinto uma profunda gratidão por nunca ter me sentido sozinha nesses caminhos. Por ter encontrado pessoas sensíveis e generosas, que ajudaram a alimentar a fé que sigo tendo: na psicanálise, nos encontros humanos — e em mim mesma.

Lembrei até da fala bonita de Renata Maglioca:
“É do mar de começos que nascemos e seremos.”

Não apenas dos nossos primeiros mil dias de vida, com suas inaugurações de choros, sabores e palavras, mas também — quem sabe — dos primeiros dias de clínica, das sementes lançadas nos nossos inúmeros inícios. Porque, tempos depois, é pela qualidade das flores e dos frutos que se vê, reconhece e honra o terreno de onde vieram.

Nas fotos: a beleza da lagoa da Pampulha, das flores e da Carol minha primeira supervisora e querida amiga 🌷

A semelhança entre os pares é essencial ao nosso desenvolvimento psíquico. Os fenômenos de identificação são estruturant...
01/06/2025

A semelhança entre os pares é essencial ao nosso desenvolvimento psíquico. Os fenômenos de identificação são estruturantes: é através do outro que nos reconhecemos e construímos o sentimento de pertencimento.

Mas o que está a serviço da coesão subjetiva não pode se transformar em coerção identitária. Quando a identificação exige homogeneidade, corremos o risco de sermos aprisionados em ideais normativos que não acolhem quem somos de fato — nossa pele, cabelo, afetos e escolhas.

Como propõe Frantz Fanon, o olhar do outro pode nos fragmentar e exigir máscaras. Em vez de espelhos que refletem, são moldes que nos comprimem.
Por isso, é fundamental que a identificação não se torne um apagamento da singularidade. Que o desejo de pertencer não nos roube o direito de ser.

A liberdade subjetiva só pode existir quando o vínculo com o outro não for baseado na exigência de igualdade absoluta, mas no reconhecimento da diferença como parte da experiência de estar no mundo.

E essa tem sido uma luta necessária, contínua e coletiva.

Tenho observado na clínica — e também ao meu redor — um movimento cada vez mais presente nas pessoas: a entrada em um ci...
29/05/2025

Tenho observado na clínica — e também ao meu redor — um movimento cada vez mais presente nas pessoas: a entrada em um ciclo que Bion descreveu como “deprimidos pela perseguição e perseguidos pela depressão.”

Mas o que isso quer dizer?

Vivemos em uma época marcada por uma enxurrada de ideais sobre como devemos trabalhar, exercitar, alimentar, maternar, socializar, performar — e ainda tentar sobreviver em um mundo cada vez mais caótico.

O resultado? Frustração. Porque, não, não damos conta de tudo o que nos é proposto, desejado, idealizado (ou inconscientemente imposto). E então, deprimimos. Sentimo-nos frustrados, inseguros, insuficientes.

Deprimidos pela perseguição — seja ela interna ou externa — como no discurso corporativo perverso que diz: “Respeite seus limites... mas envie o relatório com urgência até amanhã.”

Nesse estado de exaustão, ainda somos tomados pela culpa de não estarmos “bem”. O mal-estar se transforma em julgamento, e o julgamento em sofrimento psíquico. Perseguidos, então, pela depressão.

Trata-se de um ciclo silencioso e adoecedor, que exige não apenas escuta e acolhimento do sofrimento individual, mas também a identificação — e a nomeação — dos fatores sociais e ambientais que o alimentam.

Afinal, não podemos seguir achando natural vivermos em constante reparação, como se — para usar as palavras de Clarice Lispector — “ter nascido fosse cheio de erros a corrigir.”

Você já se sentiu assim?

Confesso que, nos últimos meses, senti uma espécie de azia mental — uma indigestão provocada pelo excesso de estímulos a...
27/05/2025

Confesso que, nos últimos meses, senti uma espécie de azia mental — uma indigestão provocada pelo excesso de estímulos aqui do Instagram. Esse espaço, que antes me parecia um terreno fértil para trocas criativas, onde eu sentia prazer em escrever e compartilhar ideias — especialmente sobre psicanálise — passou a soar saturado e cansativo.

Até mesmo conteúdos sensíveis e interessantes de colegas começaram a me parecer repetitivos. Diante da avalanche de imagens, sons, frases, cursos, reels... faltava o tempo necessário para digerir tudo. Para sentir, sonhar, metabolizar.

Como escreveu minha querida supervisora, Bernadete Amêndola, em seu artigo “A degeneração do sonhar”:

“Há no mundo contemporâneo um excesso de estímulos e uma escassez de recursos de processamento desses estímulos.”

A hiperestimulação rouba nossa atenção e nos afasta de nós mesmos. A exterioridade se sobrepõe à interioridade.

Por isso foi tão bom — e necessário — me afastar. Uma pausa para buscar o que Bernadete chama de “opacidade do sensório”: fechar os olhos para ver melhor, fazer silêncio para apurar a escuta.

Ainda que eu tenha continuado vendo algumas coisas por aqui, desopilei. Me dediquei mais aos abastecimentos “off” e volto agora mais inspirada, com mais fôlego e com a consciência de que é preciso vigilância constante para que não nos tornemos apenas consumidores de informações ou “produtores de conteúdo” — mas sim construtores de sentido. Aqui, e fora daqui.

Vem comigo?

Endereço

Edifício Work Center: Avenida Afonso Pena N3111 Sala 1001
Belo Horizonte, MG

Site

http://www.raquelrios.com.br/

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