03/04/2025
Por enquanto...
De repente, um tombão!
Há um efeito, conhecido na psicologia do trânsito, chamado “efeito da chegada” ou “síndrome da chegada”, sugerindo que o risco de acidente aumenta à medida que se aproxima do destino. Há uma tendência à redução da atenção, aumento da pressa, levando à mudanças de comportamento, com a rotina sendo realizada no modo automático.
Podemos entender trânsito em suas várias modalidades. O que vou relatar foi trânsito na condição de pedestre.
Estava na minha casa me aprontando para me deslocar ao meu consultório, bem próximo. Quase na hora de eu sair o céu escureceu, informando que a chuva forte ia despencar. Tinha calçado um sapatinho novo para ir trabalhar. Ainda em casa, ao ser surpreendida com o aviso da chuva, resolvi `salvar o sapatinho novo ‘calçando uma velha e surrada ´havaiana`, com a intenção de trocá-la na chegada ao meu destino. Foi justo quando entrava no prédio que escorreguei, tombão. Dores fortes, suspeita de fratura da cabeça do fêmur ou sacro-ilíaco. Nada interessante para quem está estreando os 70 anos de idade.
Dá-lhe dor. Felizmente não houve fratura, somente um estiramento muscular. Muita dor e repouso. Repouso, com laptop, é poder manter todos os compromissos on line agendados. Compromissos presenciais foram adiados.
Surpreendentemente, para as pessoas que atendo presencial e que não se sentem confortáveis com atendimento on-line, ofereci atendê-las em minha casa. Algumas aceitaram a proposta e eu oferecia a facilidade da proximidade da minha casa em relação ao consultório, o que não representava maior alteração para se organizarem no trajeto. Ofereci um ambiente reservado, sem interferência da movimentação doméstica. Atendi também uma primeira consulta em minha casa.
Preciso salientar que a dor incômoda era para andar. Ficar assentada não era problema. Pude dar aula e participar de uma formação internacional. Experiência de um repouso produtivo.
Por enquanto, sigo com a tarefa de readquirir confiança no andar, devagar, apoiada em muletas, conquistando autonomia. Tempo de reflexões sobre direção dada à minha vida. Flexibilidade e fluxo de energia diante de escolhas e decisões. Tempo de ponderação: “O que estou evitando ou resistindo em minha vida?” Abertura para compreender que o momento pede gentileza comigo, com atenção, carinho e ajuda dos meus queridos.
Por enquanto vou ´pilotando o meu barco` integrando paciência com ações, em conquistas progressivas. Que venha a retomada da minha rotina, desbloqueando as durezas que se apresentarem.
Por enquanto abraço minhas vulnerabilidades, cuidando da recuperação.