
13/12/2024
Amanda, seguidora do Insta, pediu para que trouxesse o tema “pai alcoólatra”. É um assunto que conheço bem, pois tanto eu bebi muito em algumas fases da vida, como meus ancestrais também. Quando falo que nós, alcoólicos, estabelecemos uma relação de amor (e ódio) pelo vício, maior que a própria relação afetiva e paternidade, é portanto, por experiência própria.
O álcool nos anestesia, consola, alegra e dá coragem… mas aos poucos, o organismo enfraquece e muitas vezes perdemos qualquer razão para viver. A não ser, talvez, se anestesiar outra e outra vez. Aqui cabe uma pergunta: anestesiar de que? De alguma dor gritante, que não damos conta. Abandono? Agressões? Humilhações? Abusos se***is? É bem comum, ao analisarmos a infância do viciado, encontrarmos situações assim.
Mas a constelação traz mais algumas pistas: estamos seguindo o destino de alguém. Talvez uma pessoa que a gente nem teve conhecimento: um tio que morreu esquecido, um avô ignorado. Bert Hellinger diz, de qualquer forma, que o alcoolismo está relacionado com a busca do pai.
Não gosto de afirmações categóricas e sempre convido a todos a duvidar das “verdades prontas”. Pelo menos, se investigue. No meu caso, contudo, Hellinger tem razão: sempre busquei meu pai. Que por sinal, também bebia muito. Portanto, beber demonstrava em mim um profundo gesto de amor ao meu pai - um sacrifício. Que lógico, jamais traria meu pai de volta, e ainda por cima, prejudicava minhas relações, o trabalho e o corpo. Mas o vínculo é inconsciente, e precisamos cansar dele para sair do padrão.
A dor do vazio em relação ao pai é gigantesca, não tenha dúvida. Por mais álcool que eu tomasse, jamais iria anestesiar. Por isso, em algum momento foi necessário olhar para a verdade: papai foi embora! Algumas pessoas dirão: Alex, meu pai também foi e eu nunca bebi! Bem… cada um está vinculado a alguns padrões. No meu, o vício fazia parte. Para outros, o padrão que pega é a doença, ou o fracasso, ou a falta de relacionamento…
Só quis dar algumas pinceladas, sobre coisas para pensarmos, quando existe álcool na família. Em outros posts, falarei mais sobre vícios...