05/12/2024
Que esse sofrimento que há tanto me ronda, agora que me invade, não me preencha o vazio em meu peito...
Que a alegria que por vezes me escapa,
voe livre e sem nome!
(como algo que se solta,
sai sem compromisso de volta
e depois, vai saber,
pouse sobre meu ombro)
Que o desejo
quando esvaziado,
continue úmido ainda que não me mate a sede!
E que ninguém o confunda comigo!
Somos dois
e nem sempre caminhamos de mãos dadas.
Quando parecer que eu
não vou mais aguentar...
Quando a certeza de que todas as
portas, janelas, alçapões estão trancados...
Que eu ao menos seja capaz de perceber de que lado fui deixado.
E que não me falte fôlego!
Pois toda cólica no exato momento prestes a romper-se,
passa...
Que o que chamam de tratar
seja do campo do cuidado.
E, embora meu corpo por si
só já pese a se envergar,
a me envergonhar,
que ainda assim,
eu não seja um peso posto para ninguém...
Eu sei que o tempo e a dor quebraram-me,
que você nem mais me reconhece...
Mas, ainda habito e resisto nesse corpo.
Nesse corpo que os anos não só o corroeram, como tantos agora o amordaçam.
Quando das minhas poucas palavras,
dizem que só falo do passado.
(e só fico sem perceber a falar comigo então)
Quando me acusam de não só não dormir,
mas também de atormentar noites inteiras,
não deixando também que durmam...
(nem ao menos se perguntam,
se interessam se eu
ainda tenho sonhos)
Quando me tocam e... ..o abraço não vem