16/09/2025
Rascunho
Quando as ondas sonoras colidem com uma superfície, rebatem-se, reverberam, ecoam. E o silêncio? E se todo o silêncio for apenas o eco do primeiro silêncio que jamais houve.
Sabia que um dos grandes equívocos das pessoas sobre meditação é de que ela serve para silenciar a mente? O silêncio só habita a mente dos mortos.
Silêncio, silenciamento, quietude, vazio, ausência de som, ausência de luz, ausência.
As turbulências que deformam e embaralham tudo. Isso é a vida. Essa imprevisibilidade. O som sai de um lado e chega do outro diferente, com interferências, com mudanças, com novidades. Ruídos.
Que medo do ruído, quando, na verdade, é tudo ruído. Sem ruído, não há nada. Não existe sequer uma linha reta no mundo real. Pode perguntar ao seu robozinho favorito:
O silêncio não ecoa, o silêncio se impõe, o silêncio cala, o silêncio é o resto que sobra depois que a vida passa.
Eu queria um texto malemolente, espontâneo e impecável. Como alguém que saculeja para aquecer. Não este, este é um rascunho, um ruído. Talvez seja exatamente este o texto.
Um texto que aspira – quem sabe – a fluir, a lavar e preencher.
A água flui, molha, escorre, refresca, esquenta e também faz barulho, nos convida e nos afeta.
O final de tudo – cientificamente falando – vai ser quando toda a energia do universo se dissipar, todas as ligações entre as moléculas forem se desfazendo e até os átimos pararem, absolutamente, de se agitar. A luz parar de ser emitida e tudo o mais. Isso será um grande silêncio. Daí, pode ser que comece de novo ou não, ninguém vai estar presente para saber.
Até lá:
vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.
(Chacal)
Texto do
Fotos do .mkt
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