03/09/2025
Há algo que muitas vezes a gente esquece no meio das leituras, supervisões e planejamentos de sessão: a importância da leveza.
Nem todo processo terapêutico precisa estar revestido de uma solenidade clínica ou de um roteiro rígido. Às vezes, o que o cliente mais precisa é justamente de um espaço onde possa simplesmente ser. Um lugar onde o riso caiba, onde o inesperado aconteça, onde o brincar seja possível, mesmo na dor.
Porque tem momentos em que a intervenção mais potente é aquela que nasce do encontro genuíno, sem pretensão de consertar nada. Um comentário espontâneo, uma metáfora inventada na hora, um jogo de palavras, um silêncio divertido… ou até uma conversa que parece “não ter nada a ver” com a demanda trazida, mas que faz tudo começar a se mover por dentro.
Há clientes que precisam de sessões inteiras de deixar fluir, de sair por instantes do peso da investigação, da busca incessante por significado, da exigência de “aproveitar ao máximo” cada minuto de sessão.
E nisso mora uma potência: a de abrir espaço para a surpresa. Para o espanto. Para o encantamento com o próprio processo de estar vivo.
É ali que, muitas vezes, surgem novas configurações de si. É ali que aquela criatividade adormecida desde a infância reaparece, e com ela, um jeito novo de olhar pra própria história.
Ser terapeuta também é isso: saber quando é hora de provocar e quando é hora de rir junto. Saber quando sustentar o silêncio e quando quebrá-lo com algo leve, humano e inesperado.
Porque no fundo, é dessa mistura, de técnica, de presença, de afeto e de espontaneidade, que nasce a verdadeira transformação 💜