10/08/2025
Dia dos pais...
Essa semana estive com o choro mais fácil. Ficou ali na beiradinha do olho e em qualquer oportunidade, escapulia. Só depois me dei conta de que o dia dos pais estava se aproximando. Esse é o primeiro ano que passo com todas as minhas figuras paternas longe dos meus olhos, existindo só no meu coração.
O tempo passa com uma velocidade incrível. Perdi meu pai há alguns anos e meu avô se foi logo no comecinho deste. Nenhum dos dois era apegado a datas e aniversários - achei que por isso seria mais fácil atravessar esses dias. Ainda que seja mais uma data comercial, a falta dos meus grita.
Para aqueles que não tiveram essas perdas, aproveita. Olha, cheira, abraça. F**a perto, que seja. A gente tem mania de complicar as coisas, a vida. Não precisa. Peça que contem histórias sobre eles, sobre você. Eu queria ter anotado tudo. Eu queria mais tempo. Mas com as perdas, entendi, na minha carne, que o caminho é só pra frente.
Luto é assim. A dor vai f**ando mansa na maioria dos dias. A gente se lembra de um trejeito, de um gosto, de uma piada interna. Dá aquela dorzinha fina de saudade mas a gente contorna.
Agora, tem dia que não dá. A ferida dilacera. Do buraco da falta - que a vida vai fazendo crescer flores em volta e f**a ali, meio escondido - torna a jorrar lagrimas, como se a perda tivesse sido ontem. Hoje é um dia desses.
A falta grita. Do quarto vazio. Dos livros que não serão mais abertos. Do relógio sem corda. Do chapéu surrado que já não tem mais serventia. Da vida que continuou já sem a presença deles. Reconhecer, acolher e chorar é tudo o que se pode fazer. Não adianta muito tentar outra coisa. Agorinha mesmo volta a f**ar manso. “Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir...”