18/03/2025
Ana Se Encontra com Seus Traumas
Ana sempre sentiu que algo a impedia de avançar. Era como se houvesse um peso invisível sobre seus ombros, uma angústia silenciosa que a acompanhava desde a infância. Embora sua vida estivesse aparentemente bem, ela evitava certos lugares, sentia um medo irracional em algumas situações e, às vezes, seu corpo reagia com tensão sem motivo aparente.
Foi apenas na terapia orientada à Focalização que Ana começou a compreender o que estava por trás dessas sensações. Seu terapeuta a guiou a prestar atenção ao corpo, a sentir onde a tensão se manifestava. No início, era difícil – sua mente tentava racionalizar tudo, fugir do desconforto. Mas, pouco a pouco, ela começou a perceber algo novo: sempre que falava sobre rejeição ou abandono, uma pressão surgia em seu peito.
Em uma das sessões, ao notar sua expressão tensa, o terapeuta perguntou com voz calma:
— Se essa sensação pudesse falar, o que ela diria?
Ana fechou os olhos e direcionou sua atenção para o aperto no peito. No começo, apenas um silêncio pesado. Então, memórias começaram a surgir – lembranças da infância, momentos em que se sentiu sozinha e sem amparo. Ela viu a si mesma, ainda criança, tentando ser forte, engolindo o choro para não incomodar os adultos.
Pela primeira vez, Ana não fugiu dessas memórias. Em vez disso, respirou fundo e imaginou-se acolhendo aquela menina assustada. Com gentileza, disse para si mesma o que sempre quis ouvir:
— Eu estou aqui com você. Você não está sozinha.
Essa prática se tornou um hábito. Sempre que a angústia voltava, ela fazia pausas para ouvir o que seu corpo queria expressar, em vez de ignorar ou se forçar a seguir em frente.
Com o tempo, a transformação foi inevitável. Os gatilhos emocionais perderam a intensidade, os medos irracionais foram dando lugar a uma nova confiança. Ana percebeu que não precisava mais carregar aquela dor sozinha – agora, sabia como acolher a si mesma.
Hoje, sentada em um banco do parque, Ana coloca as mãos sobre o peito e fecha os olhos. O vento suave acaricia seu rosto, os sons da natureza preenchem o silêncio ao seu redor. Ela sente uma leveza nova, uma sensação agradável espalhando-se por seu corpo.