
28/07/2025
Glúten: entenda antes de excluir!
O glúten é uma proteína presente naturalmente em cereais como trigo, centeio e cevada. Em pessoas com doença celíaca, sua ingestão desencadeia uma resposta autoimune que compromete a mucosa intestinal, exigindo exclusão total da dieta como tratamento.
Existe também a chamada sensibilidade ao glúten não celíaca — uma condição clínica ainda pouco compreendida, sem marcadores diagnósticos claros, mas que pode causar desconfortos gastrointestinais em algumas pessoas.
Fora esses casos específicos, não há evidências sólidas de que o glúten cause inflamação, ganho de peso ou prejuízos à saúde em indivíduos saudáveis. O que muitas vezes ocorre é que, ao retirar alimentos que contêm glúten — como pães, massas, bolos, biscoitos — a ingestão calórica diminui. E aí a perda de peso acontece, não por causa do glúten em si, mas pela redução calórica. Corresponder causa e efeito nesse caso é um erro comum.
Além disso, substituir o pão tradicional por tapioca, por exemplo, não é sinônimo de escolha mais saudável. Embora sem glúten, a tapioca tem carga glicêmica alta e valor calórico semelhante. Também é preciso cuidado com produtos industrializados “gluten-free”, que muitas vezes são ultraprocessados e apresentam pior perfil nutricional: mais sal, açúcar, gordura e menos proteína.
Sim, é possível ter uma alimentação equilibrada sem glúten. Mas para quem não tem doença celíaca ou sensibilidade diagnosticada, retirá-lo não é necessário nem garante saúde ou emagrecimento. Mais importante do que excluir um nutriente é olhar para o todo: qualidade dos alimentos, equilíbrio, prazer e escuta do corpo.
Você não emagrece por evitar o glúten. Você emagrece se come menos calorias do que gasta — com ou sem glúten.
Ref: Melini et al. Gluten-free diets: gaps and needs for a healthier diet. Nutrients, 2019.