28/05/2025
Nos últimos dias, vimos a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ser alvo de uma fala profundamente simbólica e violenta: "ponha-se no seu lugar". Mais do que uma simples tentativa de silenciamento, essa frase carrega séculos de misoginia estrutural, reforçando a ideia de que mulheres — sobretudo mulheres negras — devem ocupar espaços pré-determinados, e que quando ousam ultrapassá-los, são imediatamente atacadas.
Esse episódio não é isolado. É um reflexo claro de como o poder político, tradicionalmente masculinizado e elitizado, ainda resiste à presença de mulheres que se posicionam, argumentam e lideram. Quando uma mulher expressa sua opinião com firmeza, rapidamente é chamada de "histerica", "exagerada" ou, como no caso da ministra, convidada a se calar e se recolher.
O incômodo não é sobre o conteúdo da fala dela — mas sobre o fato de que ela fala.
Marina Silva, com sua trajetória marcada por resistência, inteligência e compromisso com a pauta ambiental, enfrenta há décadas o machismo disfarçado de "opinião" ou "crítica". O episódio atual só reforça como ainda precisamos lutar para desconstruir essa cultura que tenta reduzir mulheres a "seus lugares" — quase sempre lugares de submissão, invisibilidade e silêncio.
Não, ministra Marina. Seu lugar é exatamente onde a senhora está: no centro das decisões, no debate público, inspirando outras mulheres a ocuparem os espaços que sempre lhes foram negados.
Seguimos juntas, denunciando a misoginia e exigindo respeito.