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Brasil
Botucatu, SP
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Publicação Científica

16/09/2025

Relatos de experiência

Educação Física em cenários de desastres ambientais: lições a partir da enchente de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, RS, Brasil

Patrick da Silveira Gonçalves
Leda Sallete Ferri do Nascimento

As inundações no Rio Grande do Sul em maio de 2024, especialmente em Canoas, provocaram um grave desastre. Este relato descreve as práticas pedagógicas interdisciplinares realizadas em um abrigo humanitário do município, destacando o impacto das atividades lúdicas na promoção do bem-estar e resiliência das crianças. Baseando-se na sistematização de experiências, a metodologia incluiu registros e observações diretas para análise crítica. As atividades lúdicas, como brincadeiras livres e oficinas corporais, foram essenciais para mitigar os impactos emocionais, promovendo vínculos afetivos entre crianças e voluntários. A ausência de protocolos claros foi um desafio significativo, o que indica a necessidade de desenvolver estratégias concretas para sua superação. A interdisciplinaridade, a formação contínua e o brincar emergiram como elementos centrais para intervenções eficazes. O relato reafirma o papel transformador da Educação Física como promotora de saúde e cidadania em contextos de emergência.

Brincar; Emergência humanitária; Enchente; Interdisciplinaridade

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240665

15/09/2025

Trajetória assistencial em uma rede interestadual de saúde: desafios para garantia do cuidado e o necessário fortalecimento da regionalização

Daiane Cordeiro dos Santos
Keila Silene de Brito e Silva
Rogério Fabiano Gonçalves
Ronald Pereira Cavalcanti
Debora Mendonça Amaral de Holanda Cavalcanti
Vinicius Paz dos Santos
Adriana Falangola Benjamin Bezerra

O objetivo deste artigo é analisar uma trajetória assistencial representativa do percurso dos(as) usuários(as) da Rede Interestadual de Saúde Pernambuco/Bahia (Rede PE/BA) na linha de cuidado em oncologia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa na modalidade estudo de caso. O caso apresentado é de uma usuária denominada Andorinha, pássaro reconhecido por seu comportamento migratório. Para coleta de dados, foram utilizados entrevista e diário de campo, analisados mediante Análise de Conteúdo Temática. Dentre os resultados, observam-se: forte presença do 'agir leigo'; dificuldade no acesso às consultas especializadas e aos exames de apoio diagnóstico; composição público-privada; resolutividade da rede social de apoio para o cuidado; fragilidade da regulação assistencial e da linha de cuidado interestadual. O caso evidencia a necessidade de estruturação da linha de cuidado em oncologia na Rede PE/BA e do fortalecimento da regionalização em saúde.

Sistema Único de Saúde; Regionalização da saúde; Acesso a serviços de saúde

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.250213

12/09/2025

Debates | Política de saúde indígena no Brasil

O dito e o não dito no contexto da produção das normativas do Sasi-SUS

Ana Lucia de Moura Pontes

A área de saúde dos povos indígenas impulsionou-se com a criação do Sasi-SUS (Subsistema de Atenção à Saúde Indígena) em 1999. Em outubro de 2025, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) completa 15 anos de gestão, que já tem 25 anos de implementação. Além disso, a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena (PNASPI) encontra-se em processo de revisão desde a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena em 2022. Assim, são extremamente relevantes análises que subsidiem o aprimoramento da política de saúde indígena.

Cerri e Garnelo utilizam a perspectiva de Stephen Ball, que permite a análise das dinâmicas e dos contextos sociopolíticos na formulação de políticas públicas, incluindo as experiências de diversos atores nesse processo. Essa pesquisa dialoga com outros trabalhos que têm permitido uma releitura do processo de formulação e implementação do Sasi-SUS.

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.250241

09/09/2025

Resenhas

O papel da resposta brasileira e internacional ao HIV/Aids na formação do campo da saúde global

Luciana Kamel

A epidemia de HIV/Aids trouxe desafios para a história e uma nova forma de produção da ciência diante de uma ameaça à vida de determinados grupos de pessoas. Novas descobertas indicam o potencial de acabar com a epidemia a partir da combinação de uma cobertura ampla de tratamento e de novas estratégias biomédicas de prevenção. No entanto, o acesso a esses avanços ocorre de maneira desigual, permanecendo restrito aos países ricos, que dispõem de recursos para financiar tratamentos de primeira linha e disponibilizar novas ferramentas biomédicas. Os primeiros casos de Aids no Brasil surgiram entre 1982 e 1984 durante um período em que o país enfrentava uma crise social e econômica, durante a transição da ditadura militar para a democracia. Essa conjuntura adversa impactava a estrutura do sistema de saúde público, limitando a capacidade do governo de gerenciar uma nova epidemia sobre a qual ainda se sabia muito pouco.

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240650

08/09/2025

Atitudes de colaboração interprofissional na assistência ao parto das gestantes classificadas como de alto risco obstétrico

Juliana Amaral Prata
Letícia Linhares Braga
Midian Oliveira Dias
Laura Greco Gioia
Mariana de Carvalho Santa Rita da Silva

Objetivou-se compreender as atitudes de colaboração interprofissional na assistência ao parto das gestantes classificadas como de alto risco obstétrico. Pesquisa qualitativa, com 19 profissionais de saúde do centro obstétrico de um hospital universitário do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados de fevereiro a abril de 2022, por meio de entrevista semiestruturada, e processados no Iramuteq. Classificação hierárquica descendente mostra que as atitudes de colaboração são mais frequentes entre profissionais da mesma categoria e as rotinas que vão ao encontro da colaboração interprofissional. Apesar de possuírem conhecimentos acerca das atitudes de colaboração, essas não se concretizam na assistência, haja vista as fragilidades identificadas nos quatro domínios da colaboração interprofissional: relacional, expressa nas relações hierarquizadas; processual, relativa aos problemas comunicacionais; organizacional, diante do não reconhecimento desse domínio pelos participantes; e contextual, manifestada na cooperação percebida apenas entre profissionais da mesma categoria.

Relações interprofissionais; Equipe de assistência ao paciente; Gravidez de alto risco; Maternidades; Parto

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240549

05/09/2025

Conflitos em torno do direito à estabilidade dos metalúrgicos adoecidos pelo trabalho na região de Campinas, São Paulo, Brasil

Leonardo Dresch Eberhardt
José Augusto Pina
Eduardo Navarro Stotz
Ecléa Spiridião Bravo
Thais Vieira Esteves
Mara Alice Batista Conti Takahashi

O objetivo é discutir os conflitos nos processos de trabalho e saúde-doença relacionados à estabilidade no emprego dos metalúrgicos com restrições laborais na região de Campinas, São Paulo, Brasil. A metodologia, caracterizada como construção compartilhada de conhecimentos, incluiu a realização de entrevistas, análise documental e observação participante entre 2019 e 2022. Os resultados apontam as ações empresariais para promover a descaracterização do nexo entre trabalho-doença, impedir o acesso à estabilidade e demitir os operários adoecidos. Os trabalhadores vivem esse processo com penosidade, mas, com apoio sindical, desenvolvem formas de resistência visando manter a estabilidade e proteger a saúde. O estudo traz contribuições para as políticas de saúde e proteção social por destacar a dimensão coletiva da determinação da saúde-doença pelo trabalho, além da necessidade de mobilizar diferentes instituições e agentes na produção de conhecimentos e ações para a luta pela saúde.

Saúde do trabalhador; Proteção social em saúde; Sindicatos; Condições de trabalho

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240535

03/09/2025

Dilemas da vivência da comunidade surda no acesso à Atenção Primária à Saúde: uma perspectiva psicossocial

Nicolle Alves Roque
Andrea Perosa Saigh Jurdi
Carlos Roberto de Castro-Silva

Pesquisa qualitativa objetivou compreender os aspectos envolvidos na vivência de pessoas surdas na Atenção Primária sob uma perspectiva psicossocial. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com três surdos adultos e usuários da Atenção Primária de Saúde, os quais foram indicados por uma instituição filantrópica. A análise dos dados foi feita por meio da Hermenêutica de Profundidade de Thompson. Os resultados indicam que há conflitos na relação médico-paciente e o surdo é afastado desse nível de cuidado, marcas deixadas pelo atendimento prestado, com relatos de isolamento, raiva e tristeza, associadas ao sofrimento ético-político desses sujeitos. Por outro lado, práticas profissionais que considerem o surdo como cidadão indicam o caminho para uma verdadeira inclusão social. Considera-se que é preciso incentivar novas pesquisas com o protagonismo surdo, visando contribuir para efetiva formulação de políticas públicas.

Atenção Primária à Saúde; Pessoas com deficiência; Impacto psicossocial; Surdez; Exclusão social

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240467

02/09/2025

Resenhas

O calor pode matar antes de outras ameaças das mudanças climáticas

Maria Luiza Ghizi Assad

Para alguém que atravessa um inverno, pode parecer estranho ler um livro intitulado “The Heat Will Kill You First1” – “O calor vai te matar primeiro”, ou simplesmente, “O calor vai te matar antes”. “Antes” de outros problemas que associamos às mudanças climáticas, como incêndios, enchentes e doenças de que já vimos efeitos devastadores. O calor parece ainda não receber tanta atenção perante outros desdobramentos das mudanças climáticas, mas nessa obra do jornalista Jeff Goodell1, publicada em 2023, ele desponta como perigo em si, quase intangível, mas pervasivo e letal. Trata-se de um livro sobre os perigos do calor e de ultrapassar as condições para as quais estamos biologicamente preparados para viver. Do risco de não reconhecer os efeitos do calor extremo sobre nossos corpos e do que é preciso para conseguirmos sobreviver. Trata-se dos perigos de julgar mal nossos limites e apostar demais em soluções tecnológicas que dificilmente poderão bastar.

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240450

01/09/2025

Ampliando horizontes na prevenção do HIV: percepções e práticas em torno da PrEP em uma capital brasileira

Kimberly Silva
Vinícius Paim Brasil
Bruna Coelho
Vivian Costa Fermo
Felipa Rafaela Amadigi

O estudo objetiva conhecer as motivações, percepções e experiências de usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em uma capital do Sul do Brasil. Estudo qualitativo descritivo-exploratório, com 15 participantes de grupos de maior suscetibilidade ao HIV, selecionados por conveniência e entrevistados até a saturação dos dados. Os dados foram organizados em três categorias: os caminhos para iniciar a PrEP, incluindo acessibilidade e fontes de informação; percepções sobre o uso da PrEP, abrangendo bem-estar e incentivo à adesão; e a interação com profissionais e serviços de saúde, destacando a importância do acolhimento e da capacitação profissional. Este estudo evidencia a necessidade de ações intersetoriais para promover a educação em saúde, o combate ao estigma e a ampliação do acesso à PrEP, visando uma abordagem mais inclusiva e efetiva na prevenção do HIV.

Profilaxia pré-exposição; HIV; Antiretrovirais; Controle de doenças transmissíveis

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240492

29/08/2025

A pandemia da Covid-19 e a adoção de princípios comunitários no Sistema Único de Saúde

Marcelo Alexandre Albino Filho
Divino José da Silva

O objetivo desta pesquisa é discutir, a partir da ocorrência da pandemia da Covid-19, a necessidade de incorporação, do ponto de vista do poder instituinte, de princípios comunitários no Sistema Único de Saúde (SUS) para manutenção da vida coletiva por meio das contribuições realizadas por Esposito. Nesse sentido, o “pensamento instituinte” é aquele que reconhece a função decisiva do poder e, portanto, por meio dele, é possível pensar em um princípio comunitário a fim de fomentar práticas em saúde que, mediante a liberdade individual, corroborem para o bem comum, como um ethos de existência solidária que, pelas necessidades de saúde individuais e coletivas, imprimam um ideário no qual a vida coletiva e as diferenças sejam condições de existência de todas as “vidas significantes”.

Poder político; Sistema único de saúde; Vida; Integração à comunidade

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240476

28/08/2025

Revisão

Graduação em Saúde Coletiva no Brasil: uma análise da produção científic

Vinício Oliveira da Silva
Carla Daniele Straub
Liliana Santos
Michele Cristina Dullius

O objetivo do estudo foi analisar a produção científica sobre os cursos de Graduação em Saúde Coletiva no Brasil, buscando responder quais são os principais temas de investigação, abordagens, e identificar possíveis lacunas do conhecimento. Foram selecionados 37 estudos agrupados nas seguintes categorias: Criação/Implementação dos cursos; Formação profissional; Mundo do trabalho, regulamentação e profissionalização; Identidade profissional. Um conjunto de aspectos históricos, epistemológicos, pedagógicos, técnicos e operacionais indicam a preocupação e o compromisso com a formação. Quando da proposição da criação dos cursos, a ênfase do debate estava em aspectos epistemológicos e políticos que historicamente são discutidos no campo da Saúde Coletiva. Passadas mais de duas décadas, emergem outros aspectos ao debate com urgências concretas de sistematização e tomadas de posição, principalmente no que se refere à inserção profissional, à profissionalização e à regulamentação da profissão.

Formação profissional; Recursos humanos em saúde; Profissionais da saúde

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240230

26/08/2025

Diálogos fotográficos do enfrentamento à pandemia por conselheiro(a)s de saúde

Harietha Gabriel Rocha
Avynner’s Silva e Sacramento
Gabriela Buccini
Anderson da Silva Rosa
Danila Cristina Paquier Sala

Este estudo utilizou o photovoice para compreender dificuldades e otimizar estratégias de superação vividas por conselheiro(a)s de Unidades Básicas de Saúde durante a pandemia da Covid-19. Para guiar a pesquisa, seguiram-se as etapas do método photovoice propostas por Camille Sutton-Brown e Seitz e Orsini; e uma estrutura da ciência da implementação. Cinco conselheiro(a)s de duas unidades participaram de nove encontros, produzindo 14 fotografias. Análises revelaram duas categorias: “É preciso indignar-se”, sobre o descaso do poder público com favelas, e “É preciso esperançar”, sobre resiliência e ressignificação da existência. As imagens alcançaram três níveis de gestão (local, municipal e federal), resultando em uma emenda parlamentar para as unidades. O photovoice promoveu reflexão crítica e estimulou o empoderamento, identificando e superando problemas enfrentados durante a pandemia.

Conselhos de saúde; Covid-19; Photovoice ; Ciência da implementação

Acesso em: https://doi.org/10.1590/interface.240433

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