10/09/2024
Dias de Congresso.
Dias de sentir corpo dor-mente, sentado, e acordá-lo, reagindo à mente ativa de tantas mentes brilhantes alimentando a minha, em permanente expansão. De "crescer com", de testemunhar o relato de pessoas empenhadas na busca de Eros, de reconhecer e celebrar cada idioma singular se manifestando em língua humana.
Dias de poucas horas de sono e muita correria, de aceleração da poesia
entre mesas, simpósios, conferências e mini-cursos,
testando entre colegas a realidade
do impacto parabenizado, da metanoia,
medindo tons paranoides, tons depressivos,
despertados e recebidos,
de marcas intelectualmente incômodas e afetivamente intensas,
de fenômenos grupais e múltiplas resistências ou reverências,
causadas por potentes falas, intervenções que transcendiam as paredes das salas.
pausas para tomar café e olhar a praia
Parece mesmo indizível o resultado da imersão, do misto de afogamento com a mais perfeita respiração, que só depois, é claro, mostrará seus efeitos - na clínica, porque na inspiração provocada, na vontade de vida excitada, já apazigua a força de Thanatos.
E eis aí um paradoxo, onde Eros parece mais forte diante da morte, à favor de uma civilização mais integrada com suas diferenças, em oposição à fragmentada contemporaneidade, sustentada na instrumentalização da potência destrutiva do ódio diante das pequenas diferenças.
Eros toma forma de força amorfa, e faz seu papel na criação de vínculos, de ligações entre as palavras e afetos, de criação de pensamentos complexos postos em circulação, tecendo a rede onde deita a realidade possível de ser apreendida, intuída e experienciada, sentida, escutada, simbolizada, criada e recriada, compartilhada. De claramente transtornada à potencialmente transformada.
Atravessado por novos rostos e nomes, novas ideias e novas fomes, novas desilusões e reconstruções de ideais, estou profissionalmente revigorado, pessoalmente tocado... naturalmente limitado na expressão pelas palavras.
Vitor Kubo Castejon