
06/06/2025
Entre tons e nomes 🫀
Foi só uma confusão de identidade.
Apenas um tropeço breve no espelho.
Mas nesse tropeço, abriu-se um vão
um espaço entre o que se diz ser e o que se sente sendo.
A pele guarda histórias que a memória não alcança.
Nos ossos, o eco de vozes que nunca conheci,
mas que falam por mim no silêncio.
Me deram um nome próprio, uma só identidade.
Mas o meu corpo não cabe em um só.
Ele é cruzamento, é travessia,
é borda e mistura,
é sangue que nunca correu em linha reta.
E então entendi:
não é sobre rotular, mas sobre integrar.
Não se trata de me encaixar,
mas de me ampliar.
Sou descendente da dúvida.
Sou herdeira da encruzilhada.
E talvez seja isso mesmo o que me salva:
não ser um ponto fixo,
mas ser caminho.
Hoje, não busco mais uma definição,
mas um pertencimento plural.
Uma identidade com margens largas,
com silêncio onde cabem vozes,
com raízes que dançam entre mundos.
A confusão virou fertilidade.
A pergunta virou portal.
E eu sigo,
feito corpo mestiço,
alma migrante,
ser em expansão.
Gratidão 🌞