15/09/2025
Zé, eu estou aqui.
Todas as tardes, quando a igreja estava em silêncio, um velho homem de passos lentos entrava e sentava-se discretamente nos últimos bancos. Sem pressa, ficava ali por um minuto apenas — depois ia embora. Sempre no mesmo horário.
O padre, intrigado com aquele ritual singelo e silencioso, um dia se aproximou e perguntou com delicadeza:
— O que o senhor vem fazer aqui todos os dias, tão rápido?
O velho sorriu com simplicidade e respondeu:
— Venho rezar, padre.
— Mas… é estranho — disse o sacerdote — que em tão pouco tempo o senhor consiga fazer suas orações.
— Eu não sei rezar aquelas preces longas, cheias de palavras difíceis. Mas todos os dias eu entro, me sento aqui e digo com o coração:
“Oi, Jesus… eu sou o Zé. Eu estou aqui.”
Fico um minutinho. Só isso. Mas eu sei que Ele me escuta.
Dias depois, Zé sofreu um acidente e foi levado a um hospital. Passou a ocupar uma cama na enfermaria comum. O curioso é que, aos poucos, o ambiente foi mudando: onde antes havia silêncio e queixas, agora havia sorrisos, trocas afetuosas, esperança.
Zé, mesmo acamado, irradiava uma paz serena que tocava todos à sua volta. Os pacientes mais desanimados passaram a rir. A tristeza, de algum modo, foi se dissolvendo.
Intrigada, a irmã responsável pela enfermaria se aproximou com carinho e comentou:
— Zé, os outros doentes dizem que você está sempre alegre, mesmo nessa situação… Qual o seu segredo?
Zé olhou para a cadeira vazia ao lado da cama e, com os olhos marejados de ternura, respondeu:
— É por causa da visita que recebo todos os dias. Quando a dor aperta, quando o silêncio parece me engolir… Ele vem. Senta ali ao meu lado, bem quietinho. Me olha com um sorriso que aquece até a alma. E me diz, baixinho:
“Oi, Zé… eu sou Jesus. Eu estou aqui.”
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