01/09/2025
Carta Aberta
Da Lu de 2025 para a Lu de 2018,
Voltamos a Porto de Galinhas.
Sete anos se passaram desde a última vez que você esteve aqui.
Lembro de você cheia de pressa, querendo provar seu valor, tentando caber em moldes que nunca foram feitos pra você.
Sei como era pesado.
Hoje, aos 30, posso te dizer: você não estava quebrada.
Seu jeito intenso, sua sensibilidade, sua mente que nunca parava… não eram falhas.
Eram pistas. Eram mapas que você ainda não sabia ler.
Descobri que sou neurodivergente.
Palavra que naquela época soaria estranha, mas que hoje é chave.
Ela abriu as portas do autoentendimento, me ensinou a abraçar meu ritmo próprio, minhas pausas, minhas tempestades e calmarias.
Eu sei que você se cobrava muito.
Queria estar em todos os lugares, atender todas as expectativas, ser forte sempre.
Mas aprendi que se recolher também é força.
Que silêncio também é resposta.
Que tudo o que você foi, com tantas tentativas e erros, foi justamente o que me trouxe até aqui.
Trinta não chegou como peso, chegou como alívio.
Chegou como um abraço na menina que você foi e como um aceno pra mulher que sigo me tornando.
Então hoje, nesse lugar cheio de memórias, celebro não só meu aniversário, mas o caminho.
Celebro você — que sobreviveu, que insistiu, que sonhou.
E celebro o agora, com a coragem de ser quem sou, sem precisar me encaixar.
Com muito amor,
Lu, aos 30.