02/07/2025
Fala-se muito de amor romântico. De relações familiares. Até de vínculos profissionais. Mas ignora-se, muitas vezes, o lugar sagrado da amizade. A amizade é uma forma de amor, talvez a mais pura, porque é escolhida sem exigência de exclusividade, sem contratos, sem sangue. É um amor que se dá porque sim, sem obrigações formais, apenas presença e afinidade.
Amigos íntimos conhecem-nos de uma forma rara: sem o filtro da paixão, sem o peso da herança familiar. Vêm-nos como somos. Validam partes nossas que o mundo rejeita. São espelhos, portos de abrigo, e também fronteiras. Uma amizade profunda pode ser um lugar de cura, um espaço onde o “eu” respira sem máscaras.
Mas a amizade também dói. E essa dor é tantas vezes desvalorizada. Quando um amigo se afasta, trai ou simplesmente desaparece, ficamos sem palavras. Porque não existe ritual de luto para amizades. Não há fim “oficial”, não há despedida com flores. Há apenas um silêncio que pesa. Uma ausência que magoa tanto quanto (ou mais do que) o fim de um amor.
A amizade, como qualquer relação significativa, exige cuidado, comunicação e compromisso. Envelhece conosco, atravessa fases, desafia-nos a crescer. (…)
Talvez esteja na hora de darmos à amizade o lugar que ela merece: não como pano de fundo das grandes histórias, mas como história principal. Porque há amizades que nos salvam. E isso é tudo menos secundário.
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a__psicologa