O ANANKÊ – Centro de Atenção à Saúde Mental atua em Brasília desde 1991, promovendo ações em três grandes áreas: do atendimento psiquiátrico e psicoterápico, do ensino e pesquisa e da comunidade. O atendimento psiquiátrico e psicoterápico, destinado a pessoas que vivenciam intenso sofrimento psíquico, privilegia ações integradas para a promoção da saúde mental. Utiliza-se de um leque de dispositiv
os clínicos que objetiva evitar rupturas e resgatar a participação dos indivíduos na vida social, laborativa e afetiva. As atividades de ensino, bem como aquelas endereçadas à comunidade, têm como meta principal a transformação da concepção atual e predominante dos distúrbios psíquicos e dos modos de tratá-los. O ANANKÊ oferece atendimento diferenciado, focado no paciente conforme suas necessidades, potencialidades e limitações individuais. Contribuir para a reconstituição e afirmação de subjetividades é meta de todos e de cada um. Aprender sobre os caminhos da inclusão social e da melhoria da qualidade de vida é preocupação constante da equipe de trabalho. Promover a saúde mental, numa perspectiva de inclusão social, implica no planejamento e na execução de atividades orientadas a deter e a reverter o processo de exclusão e cronificação do adoecimento psíquico. A questão da inclusão social, em contrapartida ao paradigma do manicômio, permeia a intervenção em duas dimensões principais:
a) Dimensão individual – Expressa por um projeto terapêutico aberto e individual que considera não apenas as peculiaridades do adoecimento, mas o conjunto dos processos que vão permitir ao paciente “tornar-se sujeito de sua própria vida”. Leva-se em conta tanto o plano subjetivo e familiar quanto as relações sociais, de trabalho e estudo, estimulando o paciente a uma participação cidadã;
b) Dimensão institucional – Mediante a inserção do ANANKÊ numa rede de atenção à saúde mental, baseada no espírito e conteúdo da Lei Antimanicomial. A atuação dá-se em constante interlocução com diversos serviços públicos e privados; com o mundo acadêmico por meio de programas de estágio para estudantes e profissionais; com os serviços médicos das organizações em que estão inseridos os pacientes; com os seguros de saúde conveniados, e com o conjunto das instituições e profissionais de saúde mental, compartilhando experiências em encontros, debates, seminários e outras instâncias de discussão. A abordagem transdisciplinar é o fator chave de sucesso para reverter a expressão multifatorial do adoecer psíquico: o adoecimento orgânico, mental, familiar, social e ocupacional. Essa conduta é orientada pela análise cuidadosa de todos os profissionais envolvidos que lançam um olhar diferenciado sobre o paciente. Criar dispositivos de continência para a angústia transbordante vivida pelo paciente e sua família é atitude que permeia uma intervenção de acolhimento. Este procedimento desarma conflitos, acalma urgências, evita a consolidação de signos psiquiátricos e permite a expressão de um primeiro pedido de ajuda. Trabalha-se não com a imposição de um tratamento, mas com a voluntariedade e o desejo do sujeito. Tem-se em conta, em primeiro plano, a dimensão estrutural do sofrimento e não apenas a eliminação dos sintomas.