Farmacêuticos do Cerrado

Farmacêuticos do Cerrado Divulgação de informações relevantes a classe farmacêutica e primeiro aviso dos acontecimentos do grupo FARMACÊUTICOS DO CERRADO no Facebook

Página para compartilhamento de informações farmacêuticas relevantes e focada em encaminhar de forma prática e fácil, informações e destaques importantes aos Farmacêuticos.

HIERARQUIA DAS NORMAS NA PROFISSÃO FARMACÊUTICA: O QUE TEM MAIS FORÇA?No exercício da profissão farmacêutica, diversos a...
18/06/2025

HIERARQUIA DAS NORMAS NA PROFISSÃO FARMACÊUTICA:
O QUE TEM MAIS FORÇA?

No exercício da profissão farmacêutica, diversos atos normativos orientam e regulam a prática. Entender a hierarquia dessas normas é essencial para garantir conformidade legal e ética.

Em ordem decrescente de força normativa, destacam-se:
1. LEI (FEDERAL)
Tem o maior peso jurídico. Criada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional) e sancionada pelo Presidente da República, a lei define direitos, deveres e restrições. Exemplo: Lei nº 5.991/73, que trata do controle sanitário do comércio de medicamentos. Sua aplicação é obrigatória em todo o território nacional e sua violação pode gerar penalidades administrativas, civis e criminais.

2. DECRETO
Norma complementar à lei, editada pelo Poder Executivo para regulamentá-la. Não pode contrariar a lei. Exemplo: o Decreto nº 74.170/74 regulamenta a Lei nº 5.991/73.

3. PORTARIA
Emitida por Ministros de Estado, como o Ministro da Saúde ou o Diretor da Anvisa. Regulamenta procedimentos técnicos e operacionais. Exemplo: Portaria GM/MS nº 344/98, que trata do controle de substâncias psicotrópicas.

4. RDC (RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - ANVISA)
Norma técnica com força legal, emitida pela Anvisa, com foco em vigilância sanitária. Vincula estabelecimentos, profissionais e produtos sujeitos à regulação sanitária. Exemplo: RDC nº 44/2009, sobre boas práticas em farmácias.

5. RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF)
Define normas éticas e técnicas para o exercício profissional farmacêutico. Tem validade nacional e é obrigatória para os inscritos no conselho. Exemplo: Resolução CFF nº 585/2013, que trata das atribuições clínicas do farmacêutico.

6. RESOLUÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA (CRF)
Tem validade regional e trata de questões administrativas, fiscalização e organização interna, respeitando as diretrizes do CFF.

7. DIRETRIZES E NOTAS TÉCNICAS
Têm caráter orientativo. São elaboradas por instituições como o Ministério da Saúde, sociedades científicas ou conselhos. Auxiliam a prática baseada em evidências, mas não têm força normativa obrigatória, a menos que incorporadas em atos legais ou regulamentares.

Assim, um exemplo prático a profissão seria:
A Resolução CFF nº 585/2013, que dispõe sobre as atribuições clínicas do farmacêutico, é uma norma infralegal com validade nacional, mas subordinada à legislação superior.

A Resolução CFF nº 585/2013 não tem força de lei e, por isso, pode ser revogada, modificada ou anulada por normas superiores (leis federais), decisões judiciais ou pelo próprio CFF.

Você já sabia disso?

Transformar a Resolução CFF nº 585/2013 em lei federal aprovada pelo Congresso Nacional seria a forma mais sólida e definitiva de garantir segurança jurídica e encerrar discussões sobre sua validade.

Por: Vinícius Lôbo - Farmacêutico Clínico

ANTIPSICÓTICOS - FARMACOLOGIAOs antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos, constituem uma classe farmacológic...
04/06/2025

ANTIPSICÓTICOS - FARMACOLOGIA

Os antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos, constituem uma classe farmacológica de medicamentos psicoativos utilizados predominantemente no tratamento de transtornos psicóticos, como a esquizofrenia, o transtorno esquizoafetivo, episódios de mania em transtorno bipolar e, em algumas situações, agitação psicomotora e sintomas de demência.

Do ponto de vista farmacêutico, os antipsicóticos incluem compostos com estruturas químicas heterogêneas, como derivados da fenotiazina, butirofenonas, benzamidas e dibenzodiazepinas. Eles se dividem em duas grandes classes:

1. Antipsicóticos típicos (de primeira geração), como a haloperidol e clorpromazina, que atuam principalmente como antagonistas dopaminérgicos D2, com alta afinidade pelo sistema dopaminérgico nigroestriatal, sendo mais associados a efeitos extrapiramidais.

2. Antipsicóticos atípicos (de segunda geração), como a risperidona, olanzapina e quetiapina, que além do bloqueio dopaminérgico também antagonizam receptores de serotonina 5-HT2A, conferindo melhor perfil de tolerabilidade e eficácia sobre sintomas negativos.

Possuem formulações que incluem apresentações orais, injetáveis de liberação imediata ou prolongada (depot), visando à adesão terapêutica e à manutenção clínica de longo prazo.

APLICAÇÕES MÉDICAS:

Os antipsicóticos são indicados principalmente para:
• Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos;
• Transtorno bipolar, principalmente para episódios maníacos;
• Transtornos do comportamento em quadros demenciais e autismo;
• Adjuvantes em transtornos de ansiedade refratária, depressão psicótica e controle de agressividade

Sua eficácia está relacionada à redução de sintomas positivos (delírios, alucinações) e, com os atípicos, melhora parcial de sintomas negativos (apatia, retraimento social).

Diferente de substâncias como benzodiazepínicos ou opioides, os antipsicóticos não são considerados dr**as com alto potencial de dependência física ou psíquica. No entanto, podem causar síndrome de abstinência após retirada abrupta, especialmente com clozapina e olanzapina, incluindo sintomas como insônia, náuseas e agitação.

A Tolerância pode ocorrer em relação a alguns efeitos colaterais (como sedação), mas não à ação antipsicótica propriamente dita. Em longo prazo, pode haver fenômenos de super-sensibilidade dopaminérgica, o que pode induzir discinesia tardia e flutuações na resposta clínica.

A overdose com antipsicóticos pode levar a efeitos graves como arritmias cardíacas, hipotensão, depressão respiratória, convulsões e coma. O risco é maior com agentes como clozapina, quetiapina e olanzapina, especialmente quando combinados com álcool ou outros depressores do sistema nervoso central.

As indicações off-label mais comuns para antipsicóticos incluem:
• Insônia refratária e indução ao sono, especialmente com antipsicóticos sedativos como quetiapina e olanzapina;
• Ansiedade generalizada, quando há resistência a antidepressivos ou benzodiazepínicos;
• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) como adjuvante ao tratamento com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS);
• Síndrome de Tourette, em casos com tiques motores ou vocais graves;
• Agitação e agressividade em idosos com demência, apesar dos alertas de risco aumentados de mortalidade (FDA, 2022; NICE, 2020);
• Transtornos de personalidade, como o borderline, com sintomas impulsivos ou agressivos (APA, 2023).

Embora haja evidências clínicas que sustentem algumas dessas práticas, o uso off-label deve ser criterioso, pois muitos desses contextos carecem de ensaios clínicos robustos ou apresentam risco aumentado de efeitos adversos, como sedação excessiva, ganho de peso, efeitos metabólicos, e eventos cardiovasculares.

Por: Vinícius Lôbo – Farmacêutico Clínico



REFERÊNCIAS PARA O TEXTO:
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Practice Guideline for the Treatment of Patients With Schizophrenia. 3rd ed. Arlington: APA Publishing, 2023.

- BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esquizofrenia. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/.

- FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA). Antipsychotic drugs: Information for healthcare professionals. 2022. Disponível em: https://www.fda.gov.

- KANE, J. M. et al. Comprehensive review of current antipsychotic treatment. Neuropsychopharmacology Reviews, v. 46, p. 104–116, 2021. DOI: 10.1038/s41386-020-00866-5.

- NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CARE EXCELLENCE (NICE). Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management. Clinical guideline [CG178], London, 2020. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178.

- WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guidelines for the management of physical health conditions in adults with severe mental disorders. Geneva: WHO, 2019. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241550383.

FARMACÊUTICO CLÍNICO NA ERA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: PROTAGONISMO OU SUBSTITUIÇÃO?A incorporação da Inteligência Arti...
02/06/2025

FARMACÊUTICO CLÍNICO NA ERA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL:
PROTAGONISMO OU SUBSTITUIÇÃO?

A incorporação da Inteligência Artificial (IA) na saúde não é mais promessa futura — é realidade. Algoritmos já cruzam dados de milhões de pacientes para prever reações adversas, ajustar doses em tempo real, identificar padrões de resistência antimicrobiana e até sugerir condutas terapêuticas baseadas em guidelines atualizados.

Diante disso, onde entra o farmacêutico clínico?

A RESPOSTA É CLARA: NO CENTRO DA DECISÃO, SE ESTIVERMOS PREPARADOS.

Na atenção primária, a IA pode auxiliar o farmacêutico na estratificação de risco de pacientes com hipertensão, diabetes ou em uso de polifarmácia. Mas ainda será o nosso olhar clínico que validará as condutas, acolherá o paciente e fará os ajustes terapêuticos em consonância com a realidade local.

Na atenção secundária, softwares integrados ao prontuário eletrônico já detectam prescrições potencialmente inapropriadas em idosos ou duplicidade terapêutica. Cabe ao farmacêutico revisar criticamente essas alertas e atuar junto à equipe multiprofissional para garantir a segurança e a efetividade da terapia.

Na atenção terciária, especialmente em hospitais de alta complexidade, a IA acelera análises de interações, PK/PD e uso racional de antimicrobianos. Porém, é o farmacêutico clínico quem traduz esses dados em ações, conduz rounds clínicos e participa ativamente da tomada de decisão.

Ainda que a IA ofereça respostas rápidas e recomendações úteis, é o farmacêutico quem estará olho no olho com o paciente e com a equipe, orientando sobre o uso correto dos medicamentos, formas de armazenamento, horários, organização do tratamento no dia a dia e ajustes conforme a rotina da pessoa. São detalhes humanos, muitas vezes invisíveis aos algoritmos, que garantem adesão e resultados positivos para os mais variados pacientes.

MAS ATENÇÃO: quem se limitar a repetir condutas ou seguir protocolos sem senso crítico pode sim ser substituído. A IA não elimina o farmacêutico — elimina o profissional mal preparado, automatizado e desatualizado.

A chave é combinar tecnologia com pensamento clínico, empatia e capacidade analítica. O farmacêutico do futuro é aquele que domina a IA, mas mantém o foco no cuidado centrado no paciente.

E você? Já está se preparando para esse cenário? Como tem usado a tecnologia para aprimorar o cuidado farmacêutico?

Vamos conversar! 👇

BENZODIAZEPÍNICOS: FARMACOLOGIAOs benzodiazepínicos constituem uma classe de fármacos psicotrópicos amplamente utilizado...
21/05/2025

BENZODIAZEPÍNICOS: FARMACOLOGIA

Os benzodiazepínicos constituem uma classe de fármacos psicotrópicos amplamente utilizados na prática clínica devido às suas propriedades ansiolíticas, sedativas, hipnóticas, anticonvulsivantes e relaxantes musculares. São derivados do núcleo 1,4-benzodiazepínico, caracterizado pela fusão de um anel benzênico com um anel diazepínico de sete membros contendo dois átomos de nitrogênio (N).

Quimicamente, os benzodiazepínicos são compostos lipofílicos, o que facilita sua absorção oral e a penetração na barreira hematoencefálica, promovendo rápida ação no sistema nervoso central (SNC) (Rang et al., 2021). A afinidade dos benzodiazepínicos pelo receptor GABAA está relacionada a modificações na estrutura química, especialmente nas posições 1, 2 e 7 do anel, o que influencia sua potência, meia-vida e perfil de ação (Brunton et al., 2018).

Farmacologicamente, os benzodiazepínicos atuam como moduladores alostéricos positivos do receptor GABAA, potencializando a ação inibitória do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA). Esse mecanismo resulta em hiperpolarização neuronal, reduzindo a excitabilidade cerebral (Stahl, 2021).

Aplicações terapêuticas

Os benzodiazepínicos são indicados principalmente para o tratamento de:
• Transtornos de ansiedade (ex.: alprazolam, diazepam)
• Insônia de curta duração (ex.: temazepam)
• Convulsões e epilepsia (ex.: clonazepam, diazepam)
• Espasmos musculares e condições neuromusculares
• Síndrome de abstinência alcoólica
• Sedação pré-operatória ou em procedimentos médicos (Goodman & Gilman, 2018)

Apesar da eficácia terapêutica, recomenda-se seu uso por períodos limitados, preferencialmente em associação com abordagens não farmacológicas.

Riscos de dependência, tolerância e overdose

O uso prolongado de benzodiazepínicos está associado a diversos riscos clínicos, destacando-se:

• Tolerância: desenvolve-se com o tempo, levando à necessidade de doses progressivamente maiores para se obter o mesmo efeito terapêutico.

• Dependência física e psicológica: pode ocorrer mesmo com uso prescrito, especialmente em tratamentos superiores a 4-6 semanas. A interrupção abrupta pode desencadear sintomas de abstinência como ansiedade rebote, insônia, irritabilidade, tremores e, em casos graves, convulsões (World Health Organization [WHO], 2009).

• Overdose: embora isoladamente cause menos risco de morte do que barbitúricos, a overdose de benzodiazepínicos, especialmente quando associada a depressivos do SNC como opioides ou álcool, pode resultar em depressão respiratória, coma e morte. O tratamento pode incluir o uso de flumazenil, um antagonista específico dos receptores benzodiazepínicos (Olkkola & Ahonen, 2008).

O uso racional dos benzodiazepínicos requer avaliação criteriosa dos riscos e benefícios, especialmente em populações vulneráveis, como idosos e pessoas com histórico de uso de substâncias. O monitoramento contínuo e a prescrição por tempo limitado são estratégias essenciais para minimizar danos.

Por: Vinícius Lôbo - Farmacêutico Clínico


Referências
• Brunton, L. L., Hilal-Dandan, R., & Knollmann, B. C. (2018). Goodman & Gilman’s: The Pharmacological Basis of Therapeutics (13th ed.). McGraw-Hill Education.
• Rang, H. P., Ritter, J. M., Flower, R. J., & Henderson, G. (2021). Rang & Dale's Pharmacology (10th ed.). Elsevier.
• Stahl, S. M. (2021). Stahl's Essential Psychopharmacology: Neuroscientific Basis and Practical Applications (5th ed.). Cambridge University Press.
• Olkkola, K. T., & Ahonen, J. (2008). Midazolam and other benzodiazepines. In R. D. Miller (Ed.), Miller's Anesthesia (7th ed., pp. 747–768). Churchill Livingstone.
• World Health Organization (WHO). (2009). Guidelines for the psychosocially assisted pharmacological treatment of persons dependent on opioids. Geneva: WHO Press.

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS5 de maio, é o Dia Nacional pelo Uso Racional de Medicamentos. Essa data tem como objetivo a...
05/05/2025

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

5 de maio, é o Dia Nacional pelo Uso Racional de Medicamentos. Essa data tem como objetivo alertar profissionais de saúde e a população em geral sobre os riscos da automedicação, do uso incorreto de remédios e da falta de orientação profissional, além de reforçar a importância de garantir que cada medicamento seja usado da maneira certa, na dose certa, pelo tempo certo, para o paciente certo.

O uso racional de medicamentos significa oferecer ao paciente o tratamento farmacológico adequado às suas necessidades clínicas, com doses individualizadas, durante um período apropriado, ao menor custo possível para ele e para a sociedade.

Isso inclui evitar desperdícios, reduzir reações adversas, resistências a antibióticos, intoxicações e internações desnecessárias.

Mas como garantir o uso racional de medicamentos?

1. Consulte sempre um profissional de saúde – Não use medicamentos por conta própria ou com base em conselhos não técnicos, de vizinhos, parentes e/ou mídias sociais.

2. Leia atentamente a orientação médica a ou a orientação do farmacêutico – Entenda para que serve, como usar, possíveis efeitos colaterais e interações com outros medicamentos ou alimentos.

3. Siga corretamente a dose e os horários prescritos – Tomar mais ou menos do que o indicado pode prejudicar o tratamento.

4. Não interrompa o tratamento por conta própria – Mesmo que os sintomas desapareçam, a cura completa pode depender da continuidade.

5. Consulte a bula e/ou o farmacêutico mais próximo – Leia a bula da medicação se ficar com dúvidas. Caso não entenda ou tenha alguma informação que não encontre a resposta, procure o Farmacêutico mais próximo que ele sempre terá uma informação de qualidade e com segurança para lhe ofertar.

6. Evite armazenar medicamentos vencidos ou em locais inadequados – O uso de remédios fora do prazo pode ser ineficaz ou perigoso.

7. Descarte corretamente os medicamentos vencidos ou em desuso – Leve-os até uma unidade de saúde ou farmácia habilitada.

Profissionais de saúde, principalmente os farmacêuticos, desempenham papel essencial nesse processo, orientando pacientes, acompanhando os tratamentos e promovendo o uso responsável dos medicamentos.

Promover o uso racional de medicamentos é uma forma de cuidar da vida, garantir segurança nos tratamentos e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Vamos juntos transformar essa consciência em prática!

Algumas razões pelas quais a receita médica não consegue garantir o uso racional de medicamentos, são:

1- Se o médico não realizar um diagnóstico completo e preciso, o medicamento prescrito pode não ser o mais adequado para a condição do paciente.

2- Mesmo com um diagnóstico correto, o médico pode escolher um medicamento que não seja a primeira linha de tratamento, que tenha mais efeitos colaterais para aquele paciente específico, ou que interaja com outros medicamentos que ele já utiliza.

3- A receita pode conter informações imprecisas sobre como, quando e por quanto tempo o medicamento deve ser utilizado, comprometendo a eficácia e a segurança do tratamento.

4- Falta de informações claras e adequada ao nível intelectual do paciente.

5- Uma receita ilegível ou com abreviações confusas pode levar a erros na administração do medicamento pelo paciente.

6- Uma receita ilegível ou com informações abreviadas demais podem levar a erros de dispensação e de orientação por parte do farmacêutico. Se essa orientação não for completa ou clara, o paciente pode não utilizar o medicamento da maneira ideal.

7- Mesmo com uma receita e orientação adequadas, o paciente pode não seguir as instruções corretamente, esquecer de tomar as doses, interromper o tratamento antes do tempo recomendado ou alterar a dosagem por conta própria.

8- Se for apenas uma prescrição sem orientação, o paciente pode não entender completamente as instruções da receita ou a importância de seguir o tratamento conforme o prescrito, especialmente se a linguagem utilizada for muito técnica ou se não houver espaço para tirar dúvidas.

9- Mesmo com uma receita direcionada a um determinado problema, o paciente pode se automedicar com outros medicamentos sem orientação médica, o que pode levar a interações perigosas ou mascarar outros problemas de saúde.

Vinícius Lôbo – Farmacêutico Clínico


Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Uso Racional de Medicamentos: temas para reflexão e prática. Brasília: MS, 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/uso_racional_medicamentos_caderno_1.pdf. Acesso em: 05 maio 2025.

WHO – World Health Organization. Promoting rational use of medicines: core components. Geneva: WHO, 2002. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/67438. Acesso em: 05 maio 2025.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS QUE DEVEM SER EVITADASNa Farmacologia Clínica, o termo interação medicamentosa grave refere-se...
29/04/2025

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS QUE DEVEM SER EVITADAS

Na Farmacologia Clínica, o termo interação medicamentosa grave refere-se a uma associação entre dois ou mais medicamentos (ou entre um medicamento e uma substância externa, como alimentos ou fitoterápicos) que resulta em um efeito adverso clínico importante, com potencial para causar dano significativo ao paciente.

Essas interações podem:
• Aumentar a toxicidade de um ou mais fármacos;
• Reduzir drasticamente a eficácia terapêutica;
• Gerar eventos clínicos graves, como arritmias, sangramentos, insuficiência renal, crises hipertensivas ou depressão respiratória;
• Em casos extremos, podem levar à hospitalização, incapacitação permanente ou morte.
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Classificação da gravidade
Interações medicamentosas costumam ser classificadas de acordo com seu impacto clínico:
• Leve: efeitos geralmente toleráveis, sem necessidade de intervenção;
• Moderada: pode requerer ajuste de dose, monitoramento ou troca de medicamento;
• Grave (ou maior): representa risco à vida, exige intervenção médica imediata ou contraindica completamente a combinação.
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Exemplos clássicos de interações graves:
• Varfarina + AINEs → sangramento grave;
• Inibidores da MAO + antidepressivos ISRS → síndrome serotoninérgica;
• Sildenafila + nitratos → hipotensão com risco de morte.

Existem diversas interações medicamentosas potencialmente perigosas, que podem causar efeitos adversos graves, perda de eficácia ou até risco de morte. Abaixo estão 10 medicamentos com interações clinicamente relevantes, seguidos da substância com a qual não devem ser combinados e o efeito dessa interação.

Vinícius Lôbo – Farmacêutico Clínico

SAÚDE MENTAL – DISTIMIAA Distimia, também chamada de transtorno depressivo persistente, é uma forma crônica de depressão...
28/04/2025

SAÚDE MENTAL – DISTIMIA

A Distimia, também chamada de transtorno depressivo persistente, é uma forma crônica de depressão. Embora os sintomas sejam, em geral, menos intensos do que um episódio depressivo maior, eles são prolongados, durando no mínimo dois anos em adultos. Trata-se de um transtorno que afeta o humor e pode prejudicar significativamente a qualidade de vida pessoal e profissional do indivíduo.

Como a Distimia pode acometer profissionais de saúde?

Profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos, estão frequentemente expostos a fatores de risco para transtornos mentais, como:
• Alto nível de estresse;
• Jornadas longas e exaustivas;
• Pressão para tomada de decisões rápidas e precisas;
• Frustação com falta de valorização profissional;
• Contato diário com sofrimento humano, doenças e morte;
• Problemas financeiros;
• Falta de perspectiva profissional;

Esse ambiente de trabalho intenso pode favorecer o desenvolvimento da Distimia, especialmente quando há pouca rede de apoio ou estratégias inadequadas para lidar com o estresse.

Sinais e sintomas da Distimia?

Os sintomas da Distimia tendem a ser persistentes e incluem:
• Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias;
• Baixa energia ou fadiga constante;
• Dificuldade de concentração ou tomada de decisões;
• Alterações no apetite (aumento ou diminuição);
• Alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
• Baixa autoestima;
• Sentimentos de desesperança.

É importante lembrar que, por serem sintomas contínuos e de menor intensidade, muitas vezes o transtorno passa despercebido tanto pelo profissional quanto pelas pessoas ao seu redor.

O tratamento da Distimia é fundamental para melhorar a qualidade de vida do profissional afetado e pode ser dividido em abordagens medicamentosas e não medicamentosas:

Tratamento medicamentoso

• Antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) (ex.: sertralina, fluoxetina) e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) (ex.: venlafaxina, duloxetina), são comumente usados.

• O tratamento medicamentoso é indicado, especialmente, nos casos em que a Distimia interfere de forma significativa na vida diária.

Tratamento não medicamentoso

• Psicoterapia, especialmente as abordagens cognitivo-comportamentais, é considerada eficaz no tratamento.
• Mudanças no estilo de vida, como prática regular de atividade física, sono adequado, alimentação balanceada e técnicas de relaxamento (ex.: meditação e mindfulness).
• Apoio social e programas de saúde mental ocupacional também são fundamentais, particularmente em ambientes de trabalho estressantes como hospitais e clínicas.

O tratamento, muitas vezes, envolve a combinação dessas estratégias, ajustadas conforme as necessidades de cada indivíduo.

Vinícius Lôbo


Referências bibliográficas
• AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5-TR. 5. ed. Texto Revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023.
• NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH. Persistent Depressive Disorder (Dysthymia). 2024. Disponível em: https://www.nimh.nih.gov/health/topics/persistent-depressive-disorder-dysthymia. Acesso em: 28 abr. 2025.
• ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Saúde mental e trabalho: enfrentando a depressão e o estresse. Brasília: OPAS, 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/documentos/saude-mental-e-trabalho-enfrentando-depressao-e-estresse. Acesso em: 28 abr. 2025.
• VIEIRA, Lívia Helena Pimentel; COUTINHO, Emília S. Ferreira; LIMA, Magda Lúcia Campos de. Prevalência de transtornos mentais comuns entre profissionais de saúde: revisão sistemática. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 47, e11, 2022.

FELIZ PÁSCOA A TODOS
20/04/2025

FELIZ PÁSCOA A TODOS

INFORMATIVO:OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO DE RECEITA MÉDICA PARA CANETAS ANTIDIABÉTICAEm 16 de abril de 2025, a Agência Na...
17/04/2025

INFORMATIVO:
OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO DE RECEITA MÉDICA PARA CANETAS ANTIDIABÉTICA

Em 16 de abril de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a obrigatoriedade de retenção da receita médica para a dispensação de canetas antidiabéticas contendo análogos de GLP-1.

MOTIVAÇÃO DA ANVISA
A decisão visa conter o uso indiscriminado desses medicamentos para fins estéticos, como emagrecimento, sem indicação médica adequada e acompanhamento profissional. O uso inadequado pode acarretar riscos à saúde, incluindo efeitos adversos gastrointestinais, oculares, pancreatite, hipoglicemia e interações medicamentosas potencialmente graves.

PRINCIPAIS ANÁLOGOS DO GLP-1:
- Liraglutida: Comercializada sob os nomes Victoza (para diabetes) e Saxenda (para obesidade)

- Semaglutida: Comercializada sob os nomes Ozempic e Wegovy

- Exenatida: Comercializada sob os nomes Byetta e Bydureon

- Tirzepatida: Comercializada sob o nome Mounjaro

- Dulaglutida: Comercializada sob o nome Trulicity

- Lixisenatida: Comercializada sob o nome Adlyxin

Esses medicamentos são indicados para o tratamento de diabetes tipo 2 e, em alguns casos, para controle de peso em pacientes com obesidade e comorbidades, sempre sob prescrição médica.

TIPO DE RECEITA E PROCEDIMENTOS
A dispensação exigirá receita de controle especial, tipo C1 em duas vias. A farmácia reterá a primeira via, e a segunda será devolvida ao paciente.

A receita deve conter:​
- Identificação do prescritor
- Identificação do paciente
- Nome do medicamento, dosagem, forma farmacêutica, quantidade e posologia​
- Data da emissão​
- Assinatura do prescritor​

A validade da receita é de 90 dias a partir da data de emissão.

PRAZO PARA ENTRADA EM VIGO
A norma entra em vigor 60 dias após sua publicação no Diário Oficial da União, em todo território brasileiro.

Embora a retenção da receita seja um passo importante para coibir o uso indevido desses medicamentos, essa ação por si só, não será capaz de conter a prática e é fundamental que haja uma abordagem abrangente, incluindo:​

-Educação continuada de profissionais de saúde​
- Campanhas de conscientização pública​
- Fiscalização rigorosa da prescrição e dispensação
- Combate a falsificações

A resolução sobre o tema ainda está em processo de elaboração para publicação, pela ANVISA, e terá como título: Dispõe sobre a obrigatoriedade de retenção de receita para medicamentos análogos de GLP-1.

Por: Vinícius Lôbo – Farmacêutico Clínico



FONTE:

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução RDC nº 886, de 10 de julho de 2024. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 12 jul. 2024. Disponível em: https://www.editoraroncarati.com.br/v2/Diario-Oficial/Diario-Oficial/AGENCIA-NACIONAL-DE-VIGILANCIA-SANITARIA-ANVISA-DOU-DE-12-07-2024.html.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E PSIQUICA A MEDICAMENTOSA dependência relacionada ao uso de medicamentos constitui um fenômeno comp...
15/04/2025

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E PSIQUICA A MEDICAMENTOS

A dependência relacionada ao uso de medicamentos constitui um fenômeno complexo que pode ser classificado em dois domínios principais: a dependência química (ou física) e a dependência psíquica (ou psicológica). Ambas podem ocorrer de forma isolada ou concomitante, e estão frequentemente associadas ao uso prolongado ou inadequado de substâncias com ação sobre o sistema nervoso central (SNC), como benzodiazepínicos, opioides, barbitúricos, estimulantes e hipnóticos.

- A dependência química caracteriza-se por uma adaptação neurofisiológica do organismo à presença da substância, resultando em síndrome de abstinência quando o uso é reduzido ou interrompido. Tal adaptação é acompanhada por mecanismos de tolerância farmacológica, nos quais doses progressivamente maiores são requeridas para se atingir o mesmo efeito terapêutico ou euforizante. Este tipo de dependência é especialmente observado com opioides, benzodiazepínicos e barbitúricos, cuja retirada abrupta pode gerar manifestações clínicas graves, incluindo crises convulsivas, delírios e alterações autonômicas.

- Por outro lado, a dependência psíquica refere-se ao desejo intenso e compulsivo de utilizar a substância, mesmo na ausência de sintomas físicos de abstinência. Envolve aspectos cognitivos, afetivos e comportamentais, sendo mantida por mecanismos de reforço positivo e negativo, como alívio da ansiedade, euforia ou melhora transitória do humor. A dependência psíquica é particularmente prevalente em substâncias que modulam a liberação de dopamina e serotonina, como os estimulantes do SNC (ex.: metilfenidato, anfetaminas) e os canabinoides.

A coexistência de ambas as formas de dependência compromete a autonomia do indivíduo, interfere na adesão ao tratamento farmacológico e impõe desafios à prática clínica, especialmente no contexto da prescrição crônica. Nesse cenário, destaca-se a necessidade de avaliação criteriosa dos riscos de dependência antes da introdução de medicamentos com potencial abusivo, assim como o monitoramento sistemático do uso e da resposta terapêutica ao longo do tempo.

Além disso, a abordagem da dependência deve ser multidisciplinar e baseada em evidências, considerando o contexto biopsicossocial do paciente. Estratégias como a desprescrição gradual (desmame medicamentoso), o uso de alternativas não farmacológicas e a educação em saúde são fundamentais para a prevenção e manejo da dependência induzida por medicamentos.

Por: Vinícius Lôbo – Farmacêutico Clínico


Fonte:
- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 784/2023 – Listas de substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial. Brasília, 2023.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Saúde Mental. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Atenção Especializada em Saúde Mental. Brasília, 2022.
- NATIONAL INSTITUTE ON DRUG ABUSE. Commonly Abused Drugs. Bethesda, MD: NIH, 2024.

Endereço

Brasília, Distrito Federal/
Brasília, DF
70635815

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