Psicóloga Jamily Borges

Psicóloga Jamily Borges Me formei pela UFRJ e estou me especializando em Assistência a Usuários de Álcool e Dr**as. Atendo adolescentes, adultos e idosos pela linha da Psicanálise.

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Nesse mês de agosto, a Lei Maria da Penha completa 18 anos. Trata-se de uma data que merece ser celebrada, pois a Lei re...
08/08/2024

Nesse mês de agosto, a Lei Maria da Penha completa 18 anos. Trata-se de uma data que merece ser celebrada, pois a Lei representa um importante avanço no cenário brasileiro, onde cerca de 3 em cada 10 mulheres são vítimas de violência doméstica, de acordo com pesquisa feita pelo Instituto DataSenado.

A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006, e recebeu esse nome em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma farmacêutica que se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil após sobreviver a duas tentativas de homicídio por parte de seu então marido, Marco Antonio Heredia Viveros. Maria da Penha ficou paraplégica devido às agressões e, insatisfeita com a resposta da justiça brasileira, levou seu caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, o que resultou na criação da lei 11.340.

Dentre os avanços da Lei podemos citar: a tipif**ação de diferentes tipos de violência (física, psicológica, sexual, moral e patrimonial)criação de equipamentos públicos, como as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM's), e os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com juízes especializados que passaram a exercer competência para a concessão de medidas protetivas de urgência, que incluem por exemplo o afastamento do agressor do lar e a proibição de contato com a vítima e seu familiares.

No contexto da violência doméstica, o sistema patriarcal é um sistema social que historicamente favorece os homens, colocando as mulheres como inferiores aos homens e portanto sujeitas ao seu poder e controle, perpetuando desigualdades de gênero e legitimando a violência contra as mulheres. Isso cria um ambiente onde a vítima é culpabilizada por "continuar nessa situação", e a violência é normalizada: "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher". Por isso, a luta contra essa estrutura envolve não apenas a punição dos agressores, mas também a transformação das relações sociais e culturais que sustentam o patriarcado.

O atendimento psicológico é extremamente importante para fornecer apoio para as vítimas saírem dessa situação tão difícil de sair. Difícil, pois a vítima é manipulada pelo agressor, que muitas vezes oscila entre agressividade e carinho, fazendo a vítima acreditar que precisa dele, que ele vai mudar e parar com as agressões, etc. Com isso, inconscientemente a mulher desenvolve uma dependência emocional e se vê presa a um ciclo de violência. E o dependente emocional faz de tudo para não perder o afeto do outro, e tem a necessidade de ser cuidado, pois acredita que não é capaz de fazê-lo sozinho. Esse comportamento pode ter relação com experiências traumáticas vividas na infância. Por exemplo, a mulher, quando criança, sofria agressão dos pais e acredita que essa é uma linguagem de amor, e se mantém nessa situação pois é uma situação familiar pra ela, e confortável; ou, por sentir em sua fantasia que não recebeu amor suficiente dos pais, passa a acreditar que não é merecedora de amor, e se contenta com um relacionamento abusivo pois acha que é o melhor que vai conseguir, que ninguém mais vai amá-la, e que é melhor passar por isso do que f**ar sozinha. Nas palavras de Freud, podemos falar também de compulsão à repetição: a mulher se coloca repetidamente nessas situações destrutivas como forma de atualizar e tentar "consertar" os conflitos da infância; é uma tentativa do psiquismo de lidar com aquilo que não pôde ser suportado, elaborado, colocado em palavras.

Apesar dos avanços, a violência doméstica contra a mulher ainda é uma realidade no Brasil, daí a necessidade de políticas públicas e ações de conscientização da população.
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O Cheiro do Ralo é um filme brasileiro de 2007 baseado em um livro homônimo, e com o genial Selton Mello interpretando L...
06/02/2024

O Cheiro do Ralo é um filme brasileiro de 2007 baseado em um livro homônimo, e com o genial Selton Mello interpretando Lourenço.

Lourenço é dono de uma loja de penhores, onde ele perversamente explora as pessoas que passam por dificuldades financeiras, comprando objetos pelo menor preço possível. Lourenço é perturbado pelo simbólico cheiro do ralo que existe na loja, e faz questão de ressaltar para todos os clientes esse problema. “Esse cheiro é do ralo... Eu fiquei com vergonha de você pensar que esse cheiro vinha de mim”.

O filme é como se fosse uma sátira sombria carregada de humor negro. O cenário todo degradado e sujo ajuda a dar o tom sombrio e perturbador à obra.

Lourenço frequenta uma lanchonete que não gosta apenas para poder olhar para ela: a Bunda - sim, uma Bunda com B maiúsculo, porque é apenas o que ele vê na garçonete. A ponto de ele nem mesmo se preocupar em aprender o nome dela - e não só ela, mas nenhum personagem no filme tem nome, o que ilustra o quanto Lourenço é um homem egocêntrico, sem empatia e incapaz de gostar de alguém, como ele disse para sua mulher no momento do término. Lourenço compra os produtos das pessoas de acordo com seus próprios critérios, pagando valores ínfimos para coisas muitos valiosas, ou valores altos para coisas bobas. Assim, Lourenço se sente no poder - pois para ele tudo se resume a dinheiro, e dinheiro é poder, não importando o valor emocional de nada. E quanto mais ele desvaloriza as pessoas, mais o ralo fede. Tudo se reduz a dinheiro, até mesmo a relação que ele idealiza com a garçonete, que o assusta ao chamar ele para sair: "não pode ser assim; daqui a pouco vem as cobranças, e eu prefiro pagar pra ver. Eu não quero casar com essa bunda. Eu quero comprar ela pra mim." E é dessa forma que ele trata outras mulheres no filme.

É interessante observar que Lourenço paga valores altos por coisas bobas, mas não quer pagar para consertar o ralo. Talvez porque no fundo ele não queira eliminar toda a m***a de sua vida. Ele "localiza" a sua própria podridão no ralo. Quando o ralo parar de feder, ele vai ter que admitir que o cheiro vem dele. Então ao invés de consertar o problema, ele tenta enterrá-lo. Ele tapa o ralo com areia para criar a ilusão de que está retomando o controle da própria vida. Mas uma hora tudo isso transborda.

Também é interessante observar um fator relevante por trás de todo o vazio existencial de Lourenço: a ausência de um pai. Ele f**a obcecado por um olho que compra de um cliente, e começa a dizer que é o olho de seu pai. Logo depois surge uma perna mecânica. E dessa forma ele vai tentando construir esta figura de um pai que nunca teve, um "pai Frankestein". Vínculos frágeis, portanto, que formam um homem frágil, agarrado ao material para fugir da perda. Pois toda relação com a alteridade implica um compromisso, implica uma perda, implica abrir mão de certa parcela de gozo, e Lourenço não quer perder nada.


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14/11/2023

Bruna Surfistinha conta a história de Raquel Pacheco e como ela se tornou a garota de programa mais famosa do Brasil. Com a brilhante atuação de Déborah Secco e uma narração que nos aproxima da subjetividade da personagem, o filme começa com Raquel, após fugir de casa com 17 anos, andando desolada por uma fria São Paulo em busca de um refúgio para sua solidão, que ela encontra no privê.

Raquel foi adotada, e seus olhares vazios e distantes diante das refeições com a família indicam que ela não se sentia amada nem pertencente àquela família, o que é reforçado pelos comentários maldosos do seu irmão adotivo.
Também não se sentia pertecente ao colégio, não tinha amigos e vivia sozinha nos intervalos. Foi forçada a fazer s**o oral e após esse episódio passou a sofre bullying.

Da mesma forma, Raquel também não se sentia pertencente ao privê, por ser vista como "patricinha" pelas outras garotas de programa. Tudo mudou quando ela fez seu primeiro programa com o homem que mais tarde iria se apaixonar por ela: "ali nascia a Bruna". Com isso, ela cria para si uma nova identidade, não mais a Raquel, a garota "feia", "sem graça" do colégio, mas a Bruna, a pr******ta mais desejada do privê. Somente assim ela pôde se ver como uma mulher desejável. "Eu tava adorando ser a garota mais popular do colégio".
Por isso, Bruna era diferente das outras: enquanto elas se prostituíam por questões financeiras, Bruna se prostituía porque gostava de estar naquela posição.

Em uma noite de diversão, Bruna conhece Carol, que apresenta clientes mais influentes, e após a saída do privê Bruna cria um blog para falar sobre seu cotidiano como garota de programa, que faz um grande sucesso. Porém, Carol lhe apresenta também a co***na. A carreira de Bruna vai crescendo junto com seu vício. A droga comparece como mais um anestésico diante de tanta dor psíquica. Segundo Freud em "O mal-estar na civilização", a droga é o meio mais potente para lidar com o mal-estar, pois altera diretamente a química do organismo. Na minha análise, a maior dor que Raquel tentava esquecer foi esse não-pertencimento à família. Para Lacan, o sujeito se tenta encontrar um lugar em que ele acredita ser amado pelo Outro. Na impossibilidade e ser amada pelos pais, ela se contenta em ser amada pelos homens. O caminho que ela encontrou para "lidar" com essa dor foi excluindo-os totalmente de sua vida e colocando o s**o e a droga no lugar.

A droga fez Bruna ir se desinteressando pela carreira de garota de programa, e ir se interessando apenas por carreiras de pó. Ela é levada pela dependência e chega ao fundo do poço, fazendo programas apenas para manter seu vício, para lidar com os sintomas de abstinência, que no caso da co***na são muito severos. Após o susto da overdose, Bruna entende que sua vida como garota de programa não pode durar muito. Ela finaliza o filme com uma interessante narrativa que retrata essas vivências como um processo de autoconhecimento, responsabilizando-se e implicando-se como sujeito nas escolhas que ela fez: "fiz muitas coisas erradas, mas se não fosse desse jeito eu não teria aprendido a gostar de mim como eu sou, foi como Garota de programa que eu me conheci de verdade (...) Talvez se tivesse f**ado na casa dos meus pais a Bruna nem teria existido, só a Raquel, mas só a Bruna poderia chegar a essa conclusão. (...) E quando eu sair dessa vida, eu vou sair como eu entrei: sabendo que foi uma escolha que eu fiz".
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Quem nunca ouviu ou disse essa frase? Andei refletindo sobre os signif**ados que essa frase pode comportar: Pode traduzi...
10/11/2023

Quem nunca ouviu ou disse essa frase?
Andei refletindo sobre os signif**ados que essa frase pode comportar: Pode traduzir de fato um "sim, vamos marcar alguma coisa, quando?". Ou então, pensando nos relatos de amigos e pacientes, pode ser só uma frase proferida sem a real intenção de marcar algum programa juntos. Ou mesmo sem a intenção de manter um vínculo. Apenas para deixar essa possibilidade "no ar".

O que me remete ao conceito de modernidade líquida de Zygmunt Bauman. Bauman fala de "conexões" que a qualquer momento podem ser desfeitas. A vantagem dessas conexões é não trazer consigo a obrigação de um compromisso, obrigação da qual as pessoas parecem fugir. Talvez muitos tenham medo dos encargos e responsabilidades que uma relação de compromisso possa trazer. Além disso, há o risco de que, ao assumir um compromisso, a pessoa esteja fechando as portas caso surja algo melhor. Dessa forma, as relações se tornaram fugazes, de forma que, quando o outro não cumpre mais as minhas expectativas, ele pode ser substituído por outo.

Talvez por isso o famoso "bora marcar". A pessoa tem um certo medo, ou receio (qual a palavra?) da responsabilidade que marcar um compromisso pode trazer, mas ao mesmo tempo quer manter a pessoa em suspenso caso precise e caso queira. Dessa forma, ela deixa no ar a vaga ideia de um "compromisso" que pode ou não se concretizar. Ela se abstém de dizer sim ou não. F**a em cima do muro.

Com isso, a ambiguidade trazida por essa frase parece denunciar uma falta de clareza nas relações. O sujeito não é claro sobre o que realmente quer, não consegue dizer sim nem não, talvez porque nem ele próprio saiba se quer realmente marcar alguma coisa. Da mesma forma, a gente nunca sabe se um "bora marcar" signif**a realmente um "bora marcar".

Pensando pelo viés da psicanálise, quando se trata de sabermos o que realmente queremos, "o buraco é mais embaixo". O desejo é inconsciente, não tem nome, não tem objeto: ele desliza na cadeia signif**ante. Desliza entre múltiplos objetos. Quando alcançamos o que desejávamos, vemos que ainda falta alguma coisa, mas nunca sabemos realmente o que é. Sempre há um resto inapreensível, impossível de simbolizar. Por isso circulamos entre objetos, porque cada objeto nos preenche de forma diferente, mas nunca por completo. O desejo portanto remete a busca, a um movimento contínuo de conexão-desconexão-reconexão.
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07/11/2023

Como funciona a terapia psicanalítica?

14/07/2023

Já faz um ano desde que comecei a atender crianças, e nunca imaginei que seria uma experiência tão rica. No início, tive dificuldades por ser uma coisa muito nova para mim (eu sempre gostei de crianças, mas fazer psicanálise com elas é outra história). Não sabia como falar a língua delas. Achava que era “só brincar”. Mas, adquirindo mais experiência e me aproximando de leituras como Melanie Klein, fui encontrando uma luz nessa prática. Melanie Klein foi pioneira da psicanálise com crianças; para ela, não basta simplesmente transpor a regra fundamental da associação livre para a clínica infantil. Nem todas as crianças vão sentar no divã e falar de suas questões. Mas a criança fala através da brincadeira; então não é “só brincar”. O brincar é tudo nessa clínica, pois é a linguagem da criança!

Por exemplo: uma menina de 5 anos, brincando de bonecos, cria o enredo de uma filha que quer sempre dormir na cama da mãe, ao que a mãe não se opõe; essa mesma menina, quando eu pedi que desenhasse sua família, desenhou apenas ela e a mãe. E eu pergunto: “e cadê o papai?”, ao que ela responde: “não teve espaço na folha!”. Com isso, ela está me dizendo que na sua relação com sua mãe, não há espaço para o pai. Muita coisa já foi dita aqui.

Outro caso: uma mãe me conta que sua filha está muito ciumenta com o padrasto e o irmão mais novo, apresentando até rebeldia. Pedi para ela desenhar a família, e ela desenhou ela mesma de um lado da folha, e, do outro lado da folha, desenhou a mãe, o padrasto e o irmão mais novo. Por que ela teve que fazer essa separação? Será que ela não se sente pertencente a essa família?

Vemos aqui que a brincadeira e também a arte são poderosos recursos para a criança poder expressar suas emoções, sentimentos, desejos e medos. E o psicanalista tem que ter um olhar sensível para captar essas questões, apostando também na parceria com os pais para acompanhar a criança nesse processo.
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Não é incomum no contexto de análise que o paciente se apaixone pelo seu analista, desenvolvendo uma ligação afetiva e e...
05/07/2023

Não é incomum no contexto de análise que o paciente se apaixone pelo seu analista, desenvolvendo uma ligação afetiva e erótica. O que o analista deve fazer nesses casos? Deve interromper o tratamento? Deve reprimir o paciente? Deve corresponder a esse sentimento?

Essa situação já aconteceu com o próprio Freud, quando a primeira de suas pacientes, Anna O., se apaixonou por ele. Freud também acabou desenvolvendo o mesmo sentimento pela paciente, e sua conduta foi encaminhar para seu colega Breuer. Entretanto, o maior erro de Freud foi ter acreditado que se tratava de algo pessoal, de um amor para com SUA pessoa.

A partir de estudos, Freud viu que esse amor era transferencial, ou seja, não se trata de um amor pela pessoa do analista, mas sim de uma repetição de antigos padrões infantis, que se presentif**am na análise, já que o analista torna-se uma figura importante para o paciente. O analista, portanto, “deve reconhecer que o enamoramento da paciente é induzido pela situação analítica e não deve ser atribuído aos encantos de sua própria pessoa; de maneira que não tem nenhum motivo para orgulhar-se de tal ‘conquista’” (FREUD, 1915). Segundo ele, a pessoa que teve sua necessidade de amor insatisfeita na realidade, f**a com essa energia libidinal “retida”, pronta para direcioná-la para outras pessoas, para figuras signif**ativas da sua vida, como o analista. Vocês devem se lembrar do que eu sempre escrevo sobre a repetição: quando a pessoa não consegue recordar sobre seu passado, não consegue usar das palavras para falar dele, esse passado retorna de outra forma: na forma de atuações (acting out), e isso é fora do controle do sujeito. E a transferência é esse tipo de repetição, repetição de algo que permaneceu inconsciente, sendo essa a única forma dessa coisa retornar.

A transferência é muito importante para que o paciente se ligue ao analista, funcionando como motor do tratamento. Para Lacan, o analisando faz uma demanda ao analista, ele demanda uma resposta sobre seu sintoma, e isso se trata de uma demanda de amor. Porém, também está a serviço da resistência: o indivíduo resiste a pensar sobre seus sintomas, não consegue tolerar saber sobre seu inconsciente. E começa a pensar, idealizar e fantasiar sobre o analista. E essa ideia transferencial “entra na frente” de todas as associações.

E como deve o analista se portar diante disso? Ele não deve repelir essa demanda de amor, mas também não deve encorajá-la; deve sustentar essa demanda, entendendo que esse amor se trata de uma manifestação inconsciente importante, e pode ajudar o paciente a entender as raízes ocultas desse amor infantil. Então, o paciente se sentirá seguro o bastante para permitir que todas as suas fantasias apareçam na cena analítica, abrindo caminho para pensar sobre seu inconsciente.
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A sexualidade humana aparece ao longo de toda a obra de Freud, como um tema central. O autor foi muito mal compreendido ...
21/06/2023

A sexualidade humana aparece ao longo de toda a obra de Freud, como um tema central. O autor foi muito mal compreendido durante muitos anos, pois muitas pessoas, até hoje, acabam por confundir sexualidade com s**o, acreditando se tratar de algo relacionado ao ato sexual propriamente dito. Mas na verdade trata-se de uma perspectiva bem mais ampla.

Freud viu que para entender a raiz dos sintomas das neuroses, seria necessário remontar à infância dos sujeitos. Com isso, Freud chocou toda a sociedade da época; até hoje, a criança é relacionada com a pureza, com a inocência. Porém, Freud viu que há muito de sexual no ato infantil de sugar o seio, por exemplo. Nesse sentido, sexualidade é entendida como uma ação no sentido de provocar prazer, satisfação.

Aí é que está o problema: nós somos invadidos pela sexualidade muito precocemente, numa idade em que ainda não estamos preparados - biologicamente e psiquicamente - para "processar" isso tudo. Assim, a criança pode vivenciar a sexualidade com medo, sentindo-se ameaçada por tal força; alguns usam mecanismos como a repressão, a fim de se defenderem de tais impulsos. Isso força tais impulsos a buscarem descarga por outras vias paralelas – é aí que surgem os sintomas neuróticos.

Além disso, essas primeiras experiências de satisfação sexual – sugar o seio – geram fortes marcas psíquicas na criança, que perduram até a vida adulta, o que faz com que a pessoa busque incansavelmente e inconscientemente repetir aquela satisfação infantil. Logo, ao mesmo tempo em que a pessoa tenta reprimir, ela tenta satisfazer, por isso o sintoma é uma forma de conciliação: através do sintoma, a pessoa satisfaz INDIRETAMENTE um impulso sexual.

Nessa linha, Lacan relaciona a sexualidade com o desejo. Vivemos em busca de satisfazer um desejo que em sua raiz é infantil, mas é um desejo para o qual não existe objeto. Nosso desejo, nossa pulsão, nunca se satisfaz plenamente, pois não tem objeto predefinido. Encontramos apenas um vislumbre de satisfação em coisas, em pessoas. Nessa linha, buscamos, através do Outro, um certo preenchimento, uma certa completude; desejamos "caber" no desejo de uma pessoa; como devo me portar para que o Outro me deseje? E vivemos na tentativa de buscar resposta a essa pergunta. Portanto, energia sexual é energia vital, é aquilo que nos move em direção ao mundo, ao Outro.
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Certa vez, um paciente que estava muito magoado com um término de um relacionamento me disse que "se ela me deixou e vol...
08/02/2023

Certa vez, um paciente que estava muito magoado com um término de um relacionamento me disse que "se ela me deixou e voltou para o ex, é porque ela nunca me amou de verdade. Todas as declarações de amor que ela me fez foram anuladas, foi tudo mentira". O que me faz pensar, será que um relacionamento, por mais signif**ativo que tenha sido, perde todo o valor simplesmente por não ter durado “para sempre”?

O que me remete ao belíssimo texto de Freud, "Sobre a transitoriedade". Ao passear por belos campos floridos com seu velho amigo, Freud se intriga com o pensamento pessimista do mesmo de que "Toda aquela beleza estava fadada à extinção, de que desapareceria quando sobreviesse o inverno (...) Tudo aquilo que, em outra circunstância, ele teria amado e admirado, pareceu-lhe despojado de seu valor por estar fadado à transitoriedade." Para Freud, porém, a transitoriedade do que é belo não implica uma perda de seu valor. Pelo contrário, implica um aumento. "Um flor que dura apenas uma noite nem por isso nos parece menos bela."

Dessa forma, a possibilidade de finitude de um relacionamento não deveria implicar em perda de valor. É justamente a efemeridade de certos momentos que faz com que eles sejam tão preciosos.

Um outro paciente me disse que não é porque ele é não-monogâmico que não pode se apaixonar, que não pode levar seus relacionamentos a sério, pelo contrário, ele aproveita os bons momentos com a pessoa, mas sem essa expectativa de que dure para sempre. Para ele, o casamento é uma obrigação contratual de amar a pessoa pelo resto da vida, "até que a morte nos separe". Contrato perverso de ser firmado, não? Como é possível haver uma garantia de que a outra pessoa vai me amar para sempre, e de que eu vou amar essa pessoa para sempre? Como ter controle dos sentimentos dos outros, se muitas vezes não temos controle nem dos nossos próprios sentimentos? O amor é complexo demais para ser objeto de um contrato assinado no cartório.

Que expectativa é essa que estamos depositando em outra pessoa? Por que precisamos dessa garantia de “amor eterno”?
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Parasita é um filme sul-coreano de 2019 dirigido por Bong-Joon-ho, e ganhador do Oscar de 2020. O filme conta a história...
22/10/2022

Parasita é um filme sul-coreano de 2019 dirigido por Bong-Joon-ho, e ganhador do Oscar de 2020. O filme conta a história da família Kim, que está desempregada e vivendo em um porão sujo e apertado. O destino da família muda de repente, quando o amigo do jovem Ki-woo chega com um presente: uma pedra que é um talismã feito para atrair riqueza. O amigo traz também uma oportunidade de trabalho, propondo que Ki-woo se faça passar por professor de inglês e o substitua dando aulas para a filha mais velha da rica família Park.

O jovem pede à irmã Ki-Jeong para falsif**ar um diploma como professor de inglês, e assim começa a trabalhar para família. Fascinados com a vida luxuosa dos Parker, os Kim bolam um plano para se infiltrarem um a um na mansão: Ki-Jeong se passa como arteterapeuta do filho mais novo Da-Sung, Ki-taek como motorista e Chung-Sook como governanta da casa.

É interessante pensar no contraste: a família Kim precisa descer muitos degraus para chegar em casa, e vivem num porão abaixo da linha do solo, que é uma metáfora para o fato de viverem abaixo da linha da pobreza. Enquanto a família Park vive degraus acima, recebendo muita luz solar.

A família Park está tão alienada em sua individualidade e em sua vida luxuosa que se torna ingênua para o que acontece ao redor, possibilitando que os Kim, com a engenhosidade que que aprenderam com as dificuldades da vida, os enganem com facilidade, e é isso que dá o tom cômico do filme. O contraste entre a suavidade da música clássica e as cenas que mostram as trapaças da família também traz um tom cômico e sarcástico ao filme.
Vemos essa alienação da família na fantástica cena da chuva, que mostra por um lado a casa dos Kim sendo invadida pela água, enquanto os Park estão sentados no sofá contemplando com fascínio sua “obra de arte”, seu filho idealizado acampando no quintal, quase como se estivessem vendo por trás de uma tela de cinema. Além da fala de Mart no telefone, de que “a chuva foi uma verdadeira benção”, totalmente alienada e cega diante de todas as perdas e tragédias que as famílias mais pobres estão sofrendo.

Também é icônica a constante reclamação do Sr. Park sobre o cheiro do Sr. Kim. Nesse filme, parece que a distinção entre quem é rico e quem é pobre é retratada quase como uma questão biológica, orgânica, está na pele, pode ser sentida através do cheiro.

A crítica do filme não é voltada a uma classe específ**a, é mais uma provocação. O diretor define o filme como “uma comédia sem palhaços, uma tragédia sem vilões”. Pois a família pobre não é necessariamente a vítima da história, eles não hesitaram em passar por cima de outras pessoas com condições semelhantes ou piores, como o antigo motorista e a antiga governanta, cujas demissões foram provocadas pelos Kim. Além da guerra no final do filme com a antiga governanta e o marido que vive no porão, em que Chung-Sook empurra a governante escada abaixo. Isso traz uma reflexão sobre a agressividade inerente ao sujeito, necessária na luta pela sobrevivência, como sustentado por Freud em “Mal-estar na cultura”. Para ele, "O ser humano não é um ser manso, amável (...) Em consequência disso, o próximo não é apenas um possível auxiliar e objeto sexual, mas uma tentação para satisfazer nele a agressão, para usá-lo sexualmente sem seu consentimento, para despojá-lo de seu patrimônio, humilhá-lo, infligir-lhe dores, martirizá-lo e assassiná-lo”.

Ao final do filme, Ki-woo está narrando que vai estudar e trabalhar muito para comprar a casa para que seu pai possa sair do porão. Aqui, vemos que a educação e o trabalho são apenas meios para dar a ilusão de ascensão social. Parece que para que uma família ocupe a casa dos Park, símbolo máximo do sucesso, é preciso que outra se retire, nem que seja pela força. Para ascender ao topo da pirâmide, o único caminho é a guerra.

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