01/07/2025
“Era da Técnica” e “Sociedade do Cansaço”: por uma compreensão hermenêutica da modernidade
Partindo das considerações inauguradas pelos ensaios “A questão da Técnica” (Die Frage nach der Technik) de Martin Heidegger (1959), e “Sociedade do Cansaço” (The Burnout Society), de Byung-Chul Han (2015), somos provocados a pensar sobre um possível “diagnóstico” do nosso horizonte histórico caracterizado pelo cálculo e pela experiência de nivelamento existencial. Seguindo o pensamento de Han, observamos que nossa situação secular é marcada pelo excesso de positividade que altera de forma radical e paradigmática nossas experiências junto ao mundo, cuja marca histórica responde aos apelos por desempenho e eficiência. Desse tempo delimitado pelo excesso, pela docilização da existência, pelo esgotamento e tédio profundo, é que alinhados a um olhar clínico, observamos diversas convergências entre esses dois fundamentais ensaios para uma crítica coerente do presente e suas possíveis repercussões que incidem também sobre as formas de adoecimento psicológico e modos de existir. A partir da analítica da existência descrita por Heidegger, as expressões históricas que se desvelam no nosso tempo estabelecem grande intimidade com a atmosfera imperativa dos exercícios funcionais que nos orientam. Observamos diversas correspondências entre Han e Heidegger, quando nos alertam sobre a supressão da liberdade humana em função dos apelos por normatividade, orientados pelo nosso horizonte epocal obcecado por controle e funcionalidade. A atmosfera do cálculo, que nivela a realidade em lógica e em reservas de uso e de exploração, nos exige outro modo de pensar a condição humana, os modos de existência e de sofrimento no nosso tempo.
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