20/10/2020
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Vem circulando nas redes um vídeo de duas crianças se agredindo fisicamente por conta de uma situação comum da infância: uma foi apagar as velinhas e a outra assoprou antes. A primeira ficou chateada e agrediu a outra violentamente. A agredida, ao invés de chorar, sorri, o que estão enaltecendo como deboche.
A naturalidade com que se banaliza uma situação de violência mostra quem somos. Sim, as crianças brigam entre si, às vezes de maneira violenta. Mas a última coisa de que precisam é serem expostas dessa maneira e terem essa reação ressaltada como positiva.
Afinal de contas, que tipo de sociedade queremos? Estamos mesmo a fim de manter o ciclo de violência que temos?
A violência tem múltiplas bases: social, econômica, política, cultural. E uma cultura que expõe crianças que estão passando por essa situação já diz para o que veio: para fazer piada com a violência, ignorando completamente (como um certo presidente) o Estatuto da Criança e do Adolescente que os protege contra esse tipo de exposição vexatória.
"Ah, mas era só uma brincadeira". Não pode existir brincadeira com a violência nestes tempos de ódio e de obscurantismo. De que lado estamos, afinal?
Faço uma pergunta: imagine você ser exposto em vídeo, uma coisa que não tem volta, em um momento de extrema crise emocional. Como você se sentiria? O que te faz acreditar que as crianças não sentem? O que te faz acreditar que podemos dispor desta maneira da imagem das crianças?
Há, ali, duas crianças em um sofrimento normal e precisam ser acolhidas: a menina cuja frustração de não poder apagar a própria velinha desencadeou um comportamento de raiva extrema, e a menina que respondeu à agressão que sofreu com um sorriso. Não se esqueçam: o deboche é uma das respostas ao sofrimento. Veja o caso do brasileiro, que tentando sobreviver ao completo caos social, sanitário, emocional, moral, político e econômico, ainda acha que tudo bem debochar de algo violento assim...
A violência nunca é engraçada.
Protejam mais as crianças.
Estejam ao lado delas.
Por elas e por você mesmo.
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