23/07/2025
Falamos muito sobre romantizar a maternidade, mas a verdade é que ela também pode ser tóxica.
Nos últimos dias, entre entrevistas, falas e comentários, algo me chamou atenção: uma declaração de Dona Ruth, mãe da Marília Mendonça. Ela contou que não sabia cantar as músicas da filha e, em alguns momentos, chegou a confundir o trabalho de Marília com o de outras cantoras (até quem não gosta de sertanejo, conhece MM).
À primeira vista, isso pode parecer irrelevante. Mas pense: como você se sentiria se seu melhor amigo ou parceiro confundisse repetidamente seu trabalho com o de outra pessoa? Incomoda, né? Pode até parecer pequeno, mas é um tipo de desvalorização (e sim, pode ser tóxico).
Um outro contraste chama atenção: um certo desdém pela carreira da filha se opõe ao cuidado rigoroso quando o assunto é o patrimônio deixado por ela.
É importante dizer que me refiro aqui à figura pública, a persona construída a partir das notícias. Não conhecemos Dona Ruth pessoalmente.
Poucas coisas na vida são tão dolorosas quanto não se sentir amado ou reconhecido pelos próprios pais. Há feridas que não sangram, mas deixam marcas profundas.
Relações tóxicas existem e, por vezes, ela surge onde menos se espera: no seio familiar.
Há pessoas se forçam para seguir um roteiro do qual os personagens só existem no papel, gerando ainda mais sofrimento. Pai e mãe, antes de ocuparem esse lugar, eles são pessoas. E pessoas erram.