06/08/2020
“Não deixe a chama apagar” - a frase que está em todo globo repórter e reportagem sobre relacionamentos duradouros.
Eu estive pensando nisso. Na chama que não pode apagar. E eu me lembrei de todas as vezes, em que a chama se foi.
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se.
A chama se apaga.
Há fases em que a gente f**a com birra do outro. Há atitudes que decepcionam. Épocas em piloto automático. E tempos sem tesão.
Estabelecer a vida a dois com base no pseudofogo da eternidade é um dos conselhos mais rasos que podemos receber.
Um relacionamento é construído com parceria, esforço, paciência e muita, muita comunicação.
Parece mole, mas em um mundo de fraldas, boletos, lixo de banheiro e esponja de pia suja, dá preguiça até de discutir a relação.
Não é o fogo que fortalece o casal. São as conversas difíceis e os constantes ajustes. É o verbalizar o que não tá legal, é a escuta ativa, são os pedidos de perdão e a vontade de fazer diferente.
É o respeito. Um pacto de consideração apesar do peso e da vontade de comprar uma passagem só de ida.
Há também os conflitos internos e a sensação de que algo está faltando. Esses extinguem qualquer chama. É preciso muita inteligência emocional para perceber que a falta é em nós, que é uma peça do nosso próprio quebra-cabeça. Tão mais fácil arrastar o outro para os nossos dilemas. Colocar um rosto na insatisfação que sentimos pela gente.
O fogo da paixão apaga. O que f**a é a insistência em reacendê-lo. Uma, dez, trinta vezes. Depois da chegada de cada filho. Após a crise financeira, emocional, existencial. Depois da fase estranha, da mudança de carreira, de visual, de cidade.
O que f**a são os resgates, o voltar a priorizar a relação. Momentos construídos com planejamento e insistência. Episódios que nos fazem esquecer que, até pouco tempo atrás, tudo estava por um fio.
Fogo não segura relacionamento.
Mas doses de amor, algumas de diálogo, muitas de atitude e duas pessoas decididas, sim, conseguem fazer com dois gravetos, um fogaréu.
Texto de:
❤️