26/06/2023
A minha história com a amamentação, por incrível que pareça, não começa comigo....
Começa com a minha mãe... com os relatos e ouço ela contar desde quando "me conheço por gente".
Ela conta que desde quando o meu irmão nasceu (primeiro filho) em 1988, ela não teve nenhuma dificuldade em amamentar. O leite desceu no primeiro dia após uma cesariana. Mas no mesmo quarto, duas outras mulheres não tiveram a mesma sorte, os outros bebês choravam e as mães não estavam conseguindo amamentar...não sabemos as causas, mas o que eu sei é que na época as enfermeiras do hospital, perguntaram para minha mãe se ela poderia amamentar os outros bebês, já que ela tinha bastante leite. Minha mãe prontamente disse SIM! Então as enfermeiras perguntaram para as outras mães do quarto, se gostariam que seus filhos fossem amamentados pela minha mãe. Estas também aceitaram e assim foi, minha mãe passou a amamentar 3 bebês.
No dia da alta hospitalar, as enfermeiras trouxeram 5 bebês para minha mãe amamentar, além do meu irmão. E não faltou leite para ninguém.
⚠️ATENÇÃO: Essa prática, conhecida como amamentação cruzada, é contraindicada pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS), devido ao risco de transmissão de doenças infecto-contagiosas, como a hepatite B, e a mais grave, Aids, que é uma doença grave e ainda sem cura.
Mas naquela época as coisas eram diferentes, minha mãe não tinha conhecimento dessas informações, e, graças a Deus, também não tinha nenhuma doença.
Depois que chegou em casa, por mais um tempo minha mãe continuou amamentando a bebê de uma vizinha/amiga. E meu irmão mamou até 2 anos e 7 meses.
Em 1991 eu nasci, novamente de cesariana, e novamente minha mãe não teve nenhuma dificuldade na amamentação. A produção de leite era abundante, maior do que a quantidade que eu mamava, então dessa vez, minha mãe passou a doar o leite excedente para o Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas. Era uma média de 2 litros a 2,5 litros de leite humano ordenhado, doados toda semana.
Esse leite era recolhido por uma equipe do próprio Banco de Leite, para depois ser pasteurizado e usado para alimentar bebês internados na UTI neonatal, geralmente prematuros que não podem ser alimentados diretamente no peito.
Eu continuei sendo amamentada no peito até 2 anos e 6 meses, sem usar nenhum tipo de bico artificial. Mas chegou um dia que, além de querer ficar a noite toda no peito, como de costume, eu dei A mordida no peito da minha mãe. Ela decidiu que seria a última e me desmamou 😢
🚫não façam desmame abrupto
Eu sempre adimirei muito a minha mãe por tudo isso. Então desde criança para mim era natural pensar que quando eu me tornasse mãe eu iria amamentar o meu bebê. Na minha cabeça não havia outra possibilidade...
Em 2020 o Calebe nasceu, e eu o amamentei desde a primeira hora de vida. Tivemos muitos altos e baixos, insegurança, meu leite demorou 5 dias para descer, tive pequenas lesões, dor e sensibilidade nas mamas, muitas noites mal dormidas, muitas roupas e lençóis molhados de leite, várias mordidas, cansaço, vontade de desistir, mas seguimos...
No dia 25/06 eu e o Calebe completaremos 2 anos e 2 meses de aleitamento materno.
E estou aqui para dizer que geralmente não é tão fácil, existe muita coisa que pode dar errado na amamentação. MAS É POSSÍVEL!
Confie no seu corpo e na sua capacidade de nutrir, confie no seu bebê, tenha uma rede de apoio, ouça relatos positivos, se prepare e tenha uma consultora de amamentação.
Obrigada mãe! Por me inspirar e ser o meu maior exemplo!