
16/04/2025
Eu fui pra Irlanda, com sonhos e esperanças, saí de casa, e da minha segurança para um país desconhecido.
Nem nos meus sonhos eu imaginei que encontraria um novo lar no coração de alguém que não se lembra mais de mim.
Cuidar de idosos com demência foi uma jornada de amor e sacrifício. É um caminho que nos leva a questionar o que é memória, o que é identidade e o que é amor.
Eu via nos olhos deles a confusão, a tristeza e a solidão. Mas também via a gratidão, o amor e a aceitação. Eles não se lembram mais de mim, mas eu me lembro deles. Eu me lembro das suas histórias, das suas risadas e das suas lágrimas.
Cuidar deles foi uma forma de amor que transcende as fronteiras da memória. É um amor que não precisa de palavras, de lembranças ou de reconhecimento. É um amor que simplesmente é.
Eu fui uma imigrante, uma estranha em um país estranho. Mas, nestas paredes, eu encontrei um lar. Eu encontrei uma família que não se lembrava de mim, mas que me amavam do mesmo jeito.
E eu os amo também. Eu os amo por quem eles são, por quem eles foram e por quem eles ainda são. Eu os amo por suas histórias, por suas risadas e por suas lágrimas.
Cuidar de idosos com demência é uma jornada de amor e sacrifício. Mas é também uma jornada de descoberta, de crescimento e de transformação. É uma jornada que me ensinou a amar sem condições, a cuidar sem esperar recompensa e a viver no presente.