
16/09/2025
Amo perfis em que o tipo de humor bate com o meu, fico longos minutos assistindo aos reels e rindo sozinha.
Mas, é abrir os comentários que me deparo com uma noção muito distante, porém comum, do que é saúde mental. As pessoas dizem:
“Nunca se trate”, “Por favor, nunca faça terapia” ou ainda “Obrigada por não tomar seus remédios”.
Herança de uma cultura manicomial em que, aqueles que não se encaixavam nos padrões de sociedade, eram trancafiados. Você sabia disso? Os “loucos” de ontem, era pessoas que sofriam por não se adequarem ao molde.
Molde que hoje, sufoca a mim e a você, nós que nos esprememos em selfies e na expectativa de uma vida instagramavel.
Nós que ao menor sinal de autenticidade aqui nas redes dizem “do jeito que o CAPS gosta” (já deu essas piadas, né?). Porque introjetamos a noção de normatividade.
Para ser “normal” precisa ser assim, ter essa cor, usar essa roupa e falar, andar, pensar, desse jeito. Tudo que foge, é anormal.
É nesse sofrimento que os pacientes chegam, desesperados por se perceberem tão distantes do ideal, julgando-se os piores seres do universo apenas por não poderem evitar ser quem são - humanos, falhos, faltantes.
Como diz Françoise Giroud, paciente de Lacan, deixar de sentir vergonha de si é o que a psicanálise oferece à quem lhe pede socorro. A conquista de uma terapia é autorizar, a si mesmo, a existir em sua totalidade, em sua beleza e em sua feiúra.
Porque o padrão não é humano. E “curar-se” para caber nele, não nos interessa.
Saúde mental é assumir a própria estranheza, a autenticidade, a criatividade que nos faz únicos.
Por isso, quem é real, se trata sim.