20/07/2025
1. Racismo como estrutura fundante do Brasil
O artigo entende o racismo como a base do colonialismo e do capitalismo. Ele estrutura desigualdades materiais, subjetivas e históricas, operando uma política de morte para povos negros e indígenas, ao mesmo tempo em que garante privilégios para pessoas brancas.
2. Branquitude como posição de poder
Branquitude não é apenas cor de pele, mas um lugar social de dominação que se constrói pela ilusão de universalidade e neutralidade do sujeito branco. O sujeito branco se tornou “a norma”, apagando sua própria racialização.
3. Epistemicídio
Refere-se à destruição e invalidação dos saberes indígenas e negros. O artigo aponta a urgência de reconhecer o papel da branquitude nesse processo e valorizar o olhar pioneiro dos povos racializados sobre o branco.
4. Pacto narcísico da branquitude
Conceito de Cida Bento: trata-se de um acordo implícito entre pessoas brancas para manter seus privilégios e negar o racismo. É um funcionamento psíquico e institucional que protege a branquitude de enfrentar seus próprios privilégios.
5. Crítica à meritocracia e ao mito da democracia racial
O Brasil é fundado em políticas públicas que favoreceram brancos – como cotas de terras e imigração subsidiada –, enquanto excluía negros e indígenas. A “meritocracia” encobre essas desigualdades históricas.
6. A branquitude como estrutura simbólica e subjetiva
A branquitude é sustentada por um sistema simbólico que associa “humano” ao branco, e desumaniza o outro. Essa estrutura se atualiza no capitalismo, na cisgeneridade e na violência epistêmica.
7. Descolonização e subjetividade
Inspirado em Fanon, o artigo defende que a descolonização precisa passar por rupturas – inclusive subjetivas. A psicanálise, enquanto campo de produção de subjetividade, também é interpelada por esse chamado.
🧠 Referência:
CABEÇA, M. M.; BINKOWSKI, G. I. Contextualizando a branquitude brasileira: o pioneirismo do olhar indígena e do olhar negro sobre o branco. Revista de Psicanálise da SPPA, v. 32, n. 2, p. 1-23, 2025.