01/05/2025
Bebês Reborns e Saúde Mental meu manifesto psicanalítico.
As bonecas Reborns, que imitam bebês com impressionante realismo, têm sido usadas por muitos adultos como objetos de afeto e cuidado. A psicanálise nos ajuda a entender esse fenômeno além do olhar superficial.
Donald Winnicott fala que objetos como esses podem funcionar como objetos transicionais, que ajudam o sujeito a lidar com perdas ou separações. No entanto, quando o investimento afetivo na boneca é excessivo, como alimentá-la ou registrá-la em cartório , podemos estar diante de um mecanismo de defesa, onde o sujeito tenta negar uma dor ou um luto mal elaborado.
Freud, em Luto e Melancolia, fala que o luto é essencial para superar uma perda. Quando esse processo falha, surge a melancolia, marcada por uma fixação ao objeto perdido. Assim, a Reborn pode representar uma tentativa inconsciente de substituir alguém que se foi, evitando o enfrentamento da dor real.
Jacques Lacan contribui com o conceito de castração simbólica: reconhecer que somos seres faltantes e que nada nos completará totalmente. Ao tratar a boneca como um bebê real, o sujeito pode estar negando essa falta — ou seja, fugindo da realidade da perda.
Já Melanie Klein nos mostra que, diante da dor ou da frustração, buscamos objetos idealizados. E a Reborn, por ser controlável e “perfeita”, pode ocupar esse lugar, evitando o sofrimento de lidar com relacionamentos reais, cheios de ambivalência e imprevisibilidade.
A crítica aqui é psicanalítica e não condena a boneca em si, mas analisa o que ela representa para cada sujeito. Em alguns casos, pode ter até um papel terapêutico. Em outros, pode indicar um sintoma, uma defesa psíquica contra o real.
O desafio está em diferenciar o uso simbólico do uso patológico — e nisso, o olhar clínico é fundamental. # psicosescoletivas