07/03/2024
Cozinhei fios de ovos!
Na primeira mirada à capa do livro já fui tomada pela beleza das mão que se amparam e acolhem e no final da leitura essa sensação foi intensificada. Me senti convidada a entrelaçar meus dedos com os de Minda e Ziza, dada a intensidade da afecção dessa leitura, que fiz de corpo e alma, com olhos atentos e curiosos, esperando ansiosamente pelo desfecho de cada capítulo.
Senti-me interlocutora de várias cenas. Pensei na vida e nos fios que venho cozinhando, como bem retrata o doce que intitula o livro, de forma literal e simbólica.
Assim como há uma forma de preparo da receita, com quantidades específicas de cada ingrediente, depois que os fios de ovos são colocados na panela para cozimento, eles vão se agrupando de diferentes formas, há liberdade aí! Assim também é a vida que vai se desenvolvendo em um percurso, achamos receitas para dar conta das necessidades, como moradia e subsistência, mas também dos desejos e dos mais diversos arranjos para que possamos “nos encontrar na vida”, fazendo dela um lugar de lutas a serem travadas mas também com momentos prazerosos, com festa e amizade.
Essa trama é uma oportunidade única para pensar em si, desde pequena, do contexto de nascimento e do quanto podemos/queremos/conseguimos nos afastar dele, ou não. É contundente ler e lembrar de tantas violências de gênero, políticas e raciais que vivemos de forma direta ou indireta e ainda assim, incrivelmente, é possível nutrir a esperança. Não de forma pueril, mas com a maturidade que o passar dos anos, boas relações e terapia nos ajudam a conquistar.
Enfim, terminei de ler o livro emocionada, com a sensação que Ziza, Minda, Adriana, Filippo e outros personagens ajudaram a aprimorar a receita dos fios, que fazem laço e nutrem a vida.