12/03/2020
Estava ouvindo Let it Be dos Beatles. Tive um estalo repentino; um clique que me trouxe para a experiência do agora.
Me percebi em minha mesa, agendando uns pacientes, aguardando outros e também me vi adolescente, tocando violão no meu quarto, tentando entender o que a música me trazia e para onde ela me levava...
Num devaneio de quinta a tarde, descobri algo que até então não saberia nomear. O que a música e meu trabalho tem em comum é o que hoje entendo por alma.
A maioria das músicas codifica sentimentos em letra e ritmo, transformando aquilo que pode ser um prazer, uma alegria, uma dor ou um sofrimento em algo tão sublime que quem a escuta quase entende o que motivou o autor a escrevê-la.
O que vejo como alma é hoje um conjunto complexo de coisas que tornam a vida humana, invariavelmente linda.
Claro, existem dores, sofrimentos, doenças, perdas. Somos seres que temos consciência do quanto sofremos em nossa existência. Consciência da dureza da vida e de toda a força interna que investimos para que tentemos por um momento breve, entender qual o sentido de tudo isso. A vida é muito próxima a música.
Me estremeço todo em pensar sobre o quanto de beleza vejo em tudo isso e me pergunto qual o sentido afinal?
John Lennon me respondeu pelos fones: "Deixe estar, deixe estar, haverá uma resposta..."
Entendi. Obrigado, John.
(a foto é um de um Guilherme adolescente que morava no seu violão)