27/11/2018
Essa é a plantinha mais comunicativa com a qual convivo atualmente. Ela me diz claramente quanto lhe falta algo e, quando lhe dedico cuidados, não demora a erguer as folhas e voltar a sua posição de braços abertos para o céu. Sabe demonstrar o que necessita e quanto necessita para estar bem.
Já nós, de outra espécie, nem sempre sabemos nos comunicar tão bem quanto ela. Às vezes, não f**a bem claro, nem pra nós mesmos o que realmente necessitamos.
Algumas pessoas precisam de mais água e outras parecem vir ao mundo com a autossuficiência de um cactus. Estas buscam internamente e sabem se autonutrir quando o ambiente externo é desfavorável. Mas não se engane, nem mesmo um cactus sobrevive isoladamente apenas de recursos internos. Ele também murcha e, às vezes, comunica isso tarde, quando sua superfície já está machucada demais para se recuperar.
"Ai cactus pq vc não age mais como uma folhagem, seja mais óbvio, peça ajuda, tenho coisas demais a fazer do que me conectar com as suas minúcias sem vc nem mesmo me pedir" ..alguém poderia dizer. Ou.. "Eaí folhagem, vâmo parar de drama, deixa de murchar por qualquer coisa, busque dentro de você e pare de depender tanto de nutrição externa." "Se vocês fossem mais parecidos me dariam menos trabalho e isso tornaria a nossa interação menos complexa. É água nas segundas-feiras e um pouco de sol pra todo mundo."
Pois é, não vai rolar, a natureza não é assim. Somos diferentes e cíclicos. A impermanência é a rainha de todas as coisas.
Às vezes, a gente f**a exibido, florido, cheiroso e doce, atraindo a atenção de todos em volta.
Outras vezes, a gente tá espinhoso e envenena quem chega perto. Ou até murchinhos resmungando pela atenção do nosso entorno.
Estamos inevitavelmente conectados ao nosso ambiente, afetamos e somos afetados por ele. Vai haver tempos de nutrição abundante e tempos de tempestade e derrubada de folhas.
Ninguém é flor o tempo todo. Ninguém dá frutos o ano inteiro e ninguém f**a desfolhado pra sempre.
Cabe a nós viver cada uma dessas fazes com consciência e sabedoria. Não adianta segurar em folha seca nem exibir flor de plástico. O vento muda, o sol reaparece e lá vai a gente tudo de novo.
Ps1: Não faz a louca e olha com mais sensibilidade pros teus amigos cactus.
Ps2: Ei folhagem! Antes de te jogar no chão alheio, te volta pra ti e reconhece o valor do teu próprio solo.